Desde o sucesso mundial do álbum Thriller, em 1983, todo cantor que explode na música norte-americana ganha a alcunha de “o novo Michael Jackson”. Foi assim com Prince, Justin Timberlake e Justin Bieber. Até mulheres entraram na lista, como Beyoncé e Lady Gaga. No Brasil, porém, não parece haver dúvida sobre quem herdou o título de Rei do Pop: Bruno Mars, um talentoso havaiano de 37 anos. Entre tantos artistas de peso escalados para o The Town, festival que acontece em setembro, em São Paulo, o cantor viu seus ingressos esgotarem tão rápido que a produção do evento logo o escalou para uma segunda apresentação. As 100 mil entradas colocadas à venda desapareceram em apenas uma hora, recorde no País.

Nascido Peter Gene Hernandez, Bruno Mars vem de uma família de artistas caribenhos. Cresceu vendo o tio cantar covers de Elvis Presley nas casas noturnas de San Juan, capital de Porto Rico. O país, nas últimas décadas, tornou-se um verdadeiro celeiro de talentos musicais (leia box ao lado), que deixam a pequena ilha ainda jovens e partem para conquistar os dólares norte-americanos. Foi o que aconteceu com Mars. Ele se mudou para Los Angeles aos 17 anos, onde assinou um contrato com a lendária Motown — coincidência ou não, a primeira gravadora de Michael Jackson. Começou escrevendo e produzindo canções para outros artistas, entre eles a cantora Brandy e o rapper Flo Rida. A boa repercussão do trabalho garantiu o lançamento de seu primeiro projeto solo, Just the Way You Are, em 2010. O single chegou ao primeiro lugar da parada de sucessos da Billboard e teve uma consequência imediata: o novato nunca mais precisaria trabalhar para os outros. A história de amor entre Bruno Mars e o público brasileiro começou em 2012, quando ele se apresentou pela primeira vez no País. Como atração principal do festival Summer Soul, cantou para 22 mil pessoas na Arena do Anhembi, em São Paulo, além de excursionar por Rio de Janeiro e Florianópolis.

Superbowl

Dois anos depois, em 2014, recebeu o convite que o consagrou como estrela do primeiro time. Apesar de ter lançado apenas três álbuns, Doo-Woops & Hooligans, Unorthodox Jukebox e 24K Magic, foi convidado para ser a atração principal do show no intervalo do Superbowl, a aguardada final do campeonato de futebol americano, honraria concebida apenas aos grandes astros. Desde então, viu-se indicado trinta vezes ao Grammy e venceu 14 prêmios, incluindo o de Canção do Ano, em 2022.

Bruno Mars voltou ao Brasil em 2017 para dois shows, um em São Paulo, outro no Rio de Janeiro. A grande procura por ingressos levou a produção a agendar apresentações extras nas duas capitais – assim como o festival The Town foi obrigado a fazer. De olho na repercussão, ele comemorou a notícia com seu bom humor habitual. No post publicado em uma rede social, gravou um vídeo fazendo os passos da Dança da Motinha, sucesso do grupo de funk carioca Furacão 2000. Mais um gesto de simpatia que certamente agradará aos fãs brasileiros.

Made in Porto Rico

Frazer Harrison/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP; Angela Weiss/AFP; Pablo PORCIUNCULA/AFP

Porto-Rico não é um estado norte-americano, mas seus cidadãos podem viver e circular livremente pelos EUA. Foi graças a isso que a família de Bruno Mars mudou-se para o Havaí, de onde o cantor partiu para o êxito mundial. O cenário facilita o intercâmbio entre os países e a exportação do produto mais bem sucedido da pequena ilha caribenha: a música. Apesar da população modesta – pouco mais de três milhões de habitantes –, o número de artistas locais presente na parada de sucessos da nação vizinha é enorme.

Essa invasão começou nos anos 1980, com a banda Menudo, uma das primeiras boy’s band a fazer sucesso além de suas fronteiras. Um de seus integrantes vive hoje em Miami e se tornou uma espécie de embaixador da comunidade latina. Ricky Martin representa o ícone do porto-riquenho descolado, símbolo da influência cada vez maior dos imigrantes hispânicos no estado da Flórida. É também o caso de Bad Bunny, cantor que estampou a capa da revista Time em março. A publicação celebra o sucesso do disco Um Verano Sin Ti, o mais vendido do ano passado, e lembra que sua turnê foi a mais bem sucedida em 2022 nos EUA, com um faturamento de US$ 435 milhões.

A revista cita ainda o rapper como o artista mais ouvido nas plataformas digitais pelo terceiro ano consecutivo. Outro ídolo porto-riquenho que estourou em todo o mundo foi Luis Fonsi, autor de Despacito, a canção mais ouvida no mundo em 2017.
O hit teve participação de Daddy Yankee – outro nome made in Porto Rico.