Os eleitores de 15 capitais escolherão seus próximos prefeitos neste domingo, 27, segundo turno das eleições. A tendência é que os candidatos que ficaram em segundo lugar na primeira votação enfrentem grande dificuldade nas urnas, conforme aponta um levantamento produzido pelo site IstoÉ.
+ A missão de Fuad: apenas Alexandre Kalil virou entre turnos em Belo Horizonte
As viradas
O histórico desde 1992, primeira vez em que prefeitos puderam ser eleitos em dois turnos, 117 pleitos para prefeituras de capitais tiveram segundo turno, sendo que 98 foram vencidos pelos candidatos que lideraram o primeiro.
Nos outros 20, o segundo colocado na primeira votação conseguiu virar o jogo, o que representa 17% das disputas.
As eleições de 2012 tiveram o maior número de viradas: seis prefeitos foram eleitos assim em capitais. Na ocasião, Belém, Curitiba, Porto Velho e São Paulo registraram sua primeira e única virada entre turnos até então.
Em quase três décadas, apenas os eleitores de Fortaleza, Manaus e Rio de Janeiro, duas vezes, e Macapá, três, conduziram mais de um candidato “derrotado” no primeiro turno a uma vitória no embate definitivo.
Neste domingo, Fortaleza e Manaus têm chance de promover uma nova virada — nas duas capitais, os candidatos que avançaram protagonizam disputas acirradas –, já que Rio de Janeiro e Macapá liquidaram a fatura em 6 de outubro.
Onde pode acontecer
Entre as capitais mais populosas, além da cidade cearense, Belo Horizonte constrói um cenário favorável à virada de Fuad Noman (PSD). O atual prefeito tem liderado pesquisas de intenção de voto, mas o bolsonarista Bruno Engler ainda demonstra força para repetir o quadro inicial.
Na capital mineira, apenas Alexandre Kalil (então no PHS) virou, em 2016. Estreante nas urnas e catapultado pela popularidade do discurso antipolítica na ocasião, ele era era um “azarão” contra João Leite (PSDB), veterano da política mineira, mas dirimiu a vantagem do tucano no confronto direto.
Em São Paulo e Porto Alegre, os desafios são mais difíceis para Guilherme Boulos (PSOL) e Maria do Rosário (PT) reproduzirem os feitos de Fernando Haddad (PT), em 2012, e José Fogaça (então no PPS), em 2004.
Embora o psolista tenha avançado ao segundo turno com a menor desvantagem em relação ao líder, Ricardo Nunes (MDB), entre as capitais, a rejeição alta e a dificuldade para atrair os eleitores do presidente Lula (PT), seu principal cabo eleitoral, são obstáculos para Boulos.
Em 2012, Haddad atraiu o apoio de Gabriel Chalita (PMDB), que teve 13,6% no primeiro turno, e surfou na onda da perspectiva econômica positiva consolidada pelo segundo mantado de Lula para derrotar José Serra (PSDB).
Já Maria do Rosário encara um páreo que foi praticamente definido em primeiro turno, quando Sebastião Melo (MDB) teve 49,72% dos votos, o que mobilizou menores esforços do PT diante da descrença de uma virada.
Em 2004, Fogaça virou sobre o ex-prefeito Raul Pont (PT) revertendo uma desvantagem de menos de 80 mil votos, e capitalizou sobre o desgaste de 16 anos seguidos de administrações petistas na capital gaúcha.
Além dos cenários parelhos em Fortaleza e Manaus e do crescimento do prefeito em Belo Horizonte, as pesquisas apontam ainda chances consideráveis de viradas em Natal, onde Natália Bonavides (PT) registrou crescimento, Goiânia, com o avanço de Sandro Mabel (União), e Curitiba, cidade em que o acirramento predomina entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), dois representantes do campo da direita.