Prefeito de Milão é alvo de inquérito sobre planejamento urbano

MILÃO, 17 JUL (ANSA) – O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, está entre os investigados em um inquérito sobre possíveis irregularidades nas políticas de planejamento urbano da capital financeira da Itália.   

No poder desde 2016, Sala é suspeito de ter praticado os crimes de “declarações falsas” e cumplicidade em “indução indevida para dar ou prometer benefícios”, de acordo com o jornal Corriere della Sera.   

A primeira acusação se refere a um documento que atestava a ausência de conflito de interesses na nomeação de Giuseppe Marinoni como presidente da Comissão de Paisagismo da Prefeitura, órgão consultivo que pode emitir pareceres favoráveis ou contrários a projetos de construção civil na cidade.   

O Ministério Público de Milão aponta relações próximas de Marinoni, que deixou o cargo em abril passado, com empreiteiras e acredita que Sala tenha sido incentivado a nomeá-lo pelo secretário de Urbanismo da metrópole, Giancarlo Tancredi, alvo de um pedido de prisão preventiva que ainda não foi autorizado pela Justiça.   

A segunda acusação diz respeito a supostas vantagens relativas à construção do edifício conhecido como “Pirellino”, projetado pelo arquiteto Stefano Boeri e pertencente à incorporadora Coima, de Manfredi Catella, também alvo de um pedido de prisão por parte do Ministério Público.   

O arranha-céu – uma espécie de “torre botânica” com a fachada coberta de árvores – será construído no local de um antigo edifício da Prefeitura vendido à Coima por meio de licitação em 2019, por 175 milhões de euros.   

Segundo o MP, Boeri e Catella teriam pressionado Tancredi para obter um parecer favorável da Comissão de Paisagismo, que, em 2023, havia se posicionado contra o projeto pelo risco de impacto na zona adjacente, mas poucos meses depois voltou atrás e deu uma chancela “condicional”. Ainda de acordo com o Ministério Público, o secretário insistiu com Marinoni em prol da aprovação do “Pirellino” e insinuou que o prefeito estava ciente das conversas.   

Citado pelo Corriere della Sera, Sala afirmou ser “chocante” que um prefeito descubra uma investigação por meio da imprensa, e não do Ministério Público. “Trata-se de um método inaceitável”, acrescentou.   

Segundo ele, a relação entre o prefeito e a Comissão de Paisagismo é “praticamente nula”. “Eu sequer tenho o telefone de Marinoni”, disse. Sobre o “Pirellino”, Sala respondeu que já se passaram seis anos da venda do antigo edifício da Prefeitura para a Coima e que, desde então, as obras nunca avançaram.   

Ainda assim, o prefeito deve comparecer à Câmara de Vereadores na próxima segunda-feira (21) para dar mais explicações sobre o caso.   

O inquérito contra o departamento de planejamento urbano de Milão já tem 74 investigados, que são suspeitos de crimes como corrupção, abuso na construção civil e falsidade ideológica, e mira um suposto esquema de “especulação imobiliária selvagem” para favorecer empreiteiras e incorporadoras. (ANSA).