Prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) disputa a reeleição com generosas contribuições financeiras dos principais dirigentes de Atlético Mineiro e Cruzeiro, clubes rivais no futebol da capital mineira.

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A campanha de Noman registrou doações de R$ 500 mil de Rubens Menin, proprietário da MRV Engenharia, do banco Inter e do canal CNN Brasil, e de R$ 100 mil de Pedro Lourenço, dono dos Supermercados BH, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Apesar da rivalidade, os cartolas cultivam uma relação harmônica.

Galo tem mecenas milionário

Sócio majoritário da “Galo Holding”, SAF (Sociedade Anônima do Futebol) que gere o Atlético, Menin aportou mais de R$ 100 milhões ao clube desde que se aproximou da gestão da equipe, em 2021.

O investimento — do mecenas e de seu grupo, que inclui o filho, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador — viabilizou a contratação de jogadores como Hulk e Paulinho, a construção de um novo estádio (a MRV Arena) e o fim de um jejum de conquistas no Campeonato Brasileiro. Mas o endividamento da instituição seguiu em um patamar elevado, estimado em R$ 1,4 bilhão.

O empresário também é proprietário da Itatiaia, principal emissora de rádio de Belo Horizonte, e investe nas eleições mineiras há alguns anos.

Alexandre Kalil (Republicanos) e Fuad Noman (PSD): ex e atual prefeitos de BH receberam doações de Rubens Menin em momentos distintos | PSD
Alexandre Kalil (Republicanos) e Fuad Noman (PSD): ex e atual prefeitos de BH receberam doações de Rubens Menin em momentos distintos | PSD

Em 2016, doou R$ 200 mil para a campanha de Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético que, na ocasião, se elegeu prefeito da cidade; seis anos depois, ele renunciou para se candidatar ao governo do estado, deixando o cargo justamente para Noman — a essa altura, no entanto, Kalil e Menin já haviam se tornado desafetos políticos (do clube e das urnas), o que também veio a ocorrer com os ex-companheiros de chapa.

Entre outras contribuições, ainda doou R$ 200 mil para a campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, e R$ 35 mil para a de Romeu Zema (Novo), governador de Minas, em 2018.

Em 2022, concentrou as doações nos deputados Mário Henrique (PV), João Vitor Xavier (Cidadania) e Álvaro Damião (União Brasil), todos funcionários da Itatiaia — cada um recebeu R$ 100 mil do chefe.

Dono da Raposa chega com investimentos

Pedro Lourenço, o Pedrinho, tem uma trajetória mais recente no Cruzeiro, maior rival do Atlético. Ele adquiriu a SAF do clube em abril de 2024, quando desembolsou R$ 600 milhões para comprá-la do ex-jogador Ronaldo Nazário, ídolo da Raposa e da Seleção Brasileira.

A fortuna do empresário vem da rede de supermercados BH, empresa mineira que tem mais de 300 unidades em funcionamento e é a quinta maior do setor no país.

Menos afeito às doações para candidatos — não doou em outros pleitos –, contribuiu neste ano com candidatos às prefeituras de Cariacica (ES) e Contagem (MG), além de Noman.

Uma pesquisa realizada pelo jornal O Estado de Minas em 2023 estimou que Atlético e Cruzeiro dividem cerca de 73% dos belo-horizontinos, sendo 38% para o Galo e 37% para a Raposa.

O apoio dos dirigentes da dupla não transfere esses votos para qualquer candidato, mas a injeção financeira pode ajudar Noman a finalmente embalar na campanha. Enfrentando índices elevados de desconhecimento, o prefeito registrou 14% das intenções de voto na pesquisa Datafolha mais recente, atrás do líder Mauro Tramonte (Republicanos), que teve 29% — e é apoiado por Kalil.