O preenchimento labial tornou-se o queridinho dos procedimentos estéticos nos últimos anos. Os motivos da busca são muitos: dar volume aos lábios, corrigir assimetrias, definir o contorno, hidratar, suavizar linhas finas ao redor da boca e rejuvenescer a área.

O procedimento se compreende a injeção de preenchedores dérmicos à base de ácido hialurônico ou skinbooster. Taiz Campbell, dermatologista e CEO do Grupo Taiz Campbell, esclarece as diferenças dos produtos:

  • Ácido hialurônico: componente já produzido pelo organismo e, a depender do peso molecular específico, pode atrair água para a área, proporcionando volume e hidratação. 
  • Skinbooster: também é um ácido hialurônico, mas não é produzido neste formato no organismo. Quando injetado, age diretamente na área de hidratação e elasticidade do tecido. 

Taiz observa que a escolha do produto e quantidade são de responsabilidades do profissional, que deve considerar a queixa do paciente e se há histórico de preenchimentos anteriores. “Nesse caso, pode ser recomendado um ultrassom guiado na região, para que se torne mais visual onde e qual produto já está injetado.”

Vale destacar, ainda, que preenchimentos com ácido hialurônico são totalmente reversíveis

Como é feito o preenchimento labial

O preenchimento labial pode ser um procedimento rápido, realizado em consultório sob as devidas regras de segurança. “Inicialmente, aplica-se anestésico tópico para diminuir desconfortos. O produto é injetado com uma agulha muito fina, de modo a distribuir uniformemente em toda a região labial. Após a aplicação, é realizada uma massagem suave para auxiliar na acomodação do produto e fazer ajustes, se necessário”, detalha a dermatologista. 

De acordo com a bula, o produto de ácido hialurônico tende a durar cerca de dois anos. Porém, algumas pessoas podem ter essa percepção alterada assim que o volume começar a diminuir, normalmente com 12 meses.

Não há necessidade de preparação pré-procedimento. No entanto, o pós-preenchimento requer cuidados especiais. “Orienta-se o paciente a realizar massagens suaves para evitar concentrações de produto, que podem ocorrer devido ao movimento mecânico natural do orbicular da boca, e fazer compressas de gelo para diminuir o edema residual”, informa Taiz Campbell.

O efeito do preenchedor é imediato, mas se difere do resultado final. “O paciente pode perceber os lábios intumescidos (inchados) especialmente nos dois ou três dias após aplicação. Isso ocorre por uma reação natural do organismo de levar mais água para a região em que foi injetada; a hidratação que almejamos, mas neste início de forma exacerbada. Com o passar dos dias vemos que estes sinais desaparecem, assim como qualquer sensação de desconforto, restando apenas o produto em sua melhor forma”, explica a médica. 

O que acontece quando o preenchimento dá errado

Caso de Bárbara Martiniano, 27, que teve necrose seguido de uma reação alérgica após realizar um preenchimento labial em uma clínica estética, localizada em um shopping de João Pessoa (PB) (Crédito:Arquivo Pessoal)

O preenchimento labial não deve ser considerada uma técnica simples. “Precisa de muita especialização e preparo para a realização de procedimentos injetáveis, levando em consideração os riscos, que podem ser muitos: a escolha do produto errado para determinado tipo de boca, evoluindo para um resultado inestético; profundidade errada, deixando um acúmulo de produto; escolha de um produto definitivo, causando complicações duradouras; e, a que considero mais grave, oclusão arterial”, lista Taiz.

Casos de erros não são incomuns. Afinal, o rosto é uma das regiões mais vascularizadas do corpo humano, tornando quase impossível fazer uma injeção e não acertar nenhum vaso. “O ato de apenas perfurar um vaso com uma agulha, mas não injetar produto dentro do vaso, leva, por exemplo, a um hematoma, um efeito adverso temporário. Porém, se essa mesma injeção for feita dentro de um vaso pode causar um entupimento, como no coração, por exemplo, quando tem uma de suas artérias entupidas, ocasiona um infarto”, exemplifica a dermatologista.

Em casos de erros, as consequências podem ser diversas

  • Resultados inestéticos, como lábios desproporcionais, assimetrias e nodulações;
  • Hematoma, classificados como efeito adverso, porém temporário;
  • Oclusão de algum vaso, podendo ocasionar “sofrimento tecidual”, com cicatrizes ou necrose da região.

“A necrose é o termo técnico para quando há morte do tecido, que acontece quando existe alguma oclusão de vaso pelo preenchedor. Então deixa de chegar sangue naquele tecido e por isso ele morre. As consequências são cicatrizes, risco de infecção por causa do tecido morto, e até a necessidade de uma cirurgia de retirada de parte do tecido necrosado”, completa.

Quando algo dá errado, muitas vezes durante a aplicação do produto já é possível perceber o que profissionais chamam tecnicamente de livedo, uma alteração da cor da pele, entremeada por áreas mais claras e áreas mais arroxeadas seguindo o trajeto de um vaso, além de dor aguda. Há caso em que esses sinais iniciais, seguido também do aparecimento de vesículas e crostas na região da pele afetada, não surgem na hora em que o procedimento está sendo realizado, somente alguns minutos ou horas depois, variando conforme o grau da oclusão e organismo de cada paciente.

Pessoas que sofreram algum tipo de erro com preenchedor devem passar por uma reavaliação criteriosa antes de se submeter a um novo procedimento.

Como evitar erros no preenchimento labial

Embora qualquer pessoa esteja sujeita a erro, a busca por um profissional habilitado na técnica, experiente e disponível para acompanhamento pós-injeção é o primeiro passo para um procedimento bem-sucedido. 

Também deve-se levar em consideração a escolha do produto, sempre se atentando a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Lembrando, ainda, que soluções como PMMA e silicone são definitivas e podem consequências inestéticas e à saúde de forma permanentes; por isso, Taiz dispensa o uso de tais.