Prédios com acabamento de alto padrão, piscinas e área gourmet, erguidos irregularmente pelo tráfico, começaram a ser demolidos nesta quinta-feira, 26, na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro.
Os traficantes investiram R$ 6 milhões em três edifícios que tinham até uma saída secreta para uma área de mata. A operação para demolir as construções é coordenada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, com apoio do MP do Ceará.
Os prédios foram erguidos irregularmente por traficantes do Comando Vermelho (CV) que controlam o tráfico na região. Um dos edifícios tinha uma cobertura luxuosa, com piscina e cozinha gourmet, em que foi encontrada uma geladeira cheia de bebidas caras.
O local dava vista para o mar de São Conrado e tinha uma passagem secreta para uma escada que dava acesso a uma região de mata. Como o acesso de máquinas é dificultado pela instabilidade do terreno, a demolição ocorrida de forma manual, com o uso de ferramentas.
Conforme o MPRJ, as construções, localizadas na região da Dionéia, em uma área de aproximadamente 2 mil metros quadrados, tinham de dois a sete andares e apresentavam risco de desabamento, após o desmatamento de uma encosta. “Cálculos feitos por engenheiros da prefeitura estimam que as obras, realizadas sem licença ou autorização municipal, custaram cerca de R$ 6 milhões aos responsáveis”, diz a nota do MPRJ.
Os prédios serviam de abrigo também para integrantes do Comando Vermelho do Ceará. Segundo o MP do Ceará, as edificações já haviam sido identificadas como abrigo de criminosos cearenses durante operação integrada realizada no último dia 31 de maio.
Aquela operação, com apoio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), cumpriu ordens judiciais de prisão e de busca e apreensão contra chefes do tráfico cearense que se escondiam na Rocinha. Na ocasião, um drone com recursos para filmagem noturna utilizado pelo Bope flagrou suspeitos armados com fuzis e escopetas fugindo dos prédios em direção à mata.
No total, 29 suspeitos foram alvos da ação, mas nenhum deles foi preso no local. De acordo com o MP do Ceará, o grupo criminoso estaria envolvido em cerca de mil assassinatos em estados nordestinos nos últimos dois anos. Mesmo escondidos no Rio, os suspeitos continuavam realizando operações no Ceará.
A operação desta quinta envolveu o MPRJ, por meio do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, a Secretaria de Ordem Pública do Rio e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A ação teve o apoio do Ministério Público e da Polícia Civil do Estado do Ceará.