RIO DE JANEIRO, 1 AGO (ANSA) – Por Luigi Spera – Preços exorbitantes e delegações em pé de guerra: a organização da COP30 em Belém está sob ataque. Os custos proibitivos de hospedagem na cidade amazônica brasileira provocaram uma verdadeira “revolta” entre países em desenvolvimento da África, América Latina e pequenos Estados insulares, que solicitaram oficialmente a transferência da sede da conferência, marcada para novembro, ameaçando um boicote.
Brasília está correndo para tomar medidas e, enquanto isso, assinou um acordo para usar dois navios de cruzeiro como acomodações temporárias, com capacidade para aproximadamente 6 mil leitos: o Costa Diadema e o MSC Seaview.
Com diárias de até R$ 3,9 mil, o presidente da COP30, embaixador André Correa do Lago, admitiu à ANSA que “os preços cobrados são extorsivos”.
“Estatisticamente, em outras cidades, a COP fez os preços dobrarem ou triplicarem, mas em Belém estão pedindo 10 ou 15 vezes o preço normal”, afirmou ele.
A situação gerou forte descontentamento entre os países “menos desenvolvidos”, que “dizem que não podem participar”. Acusando Brasília de insistir em realizar o evento em uma cidade sem a infraestrutura necessária para sustentar seu impacto, vários países do Sul Global emitiram um ultimato exigindo respostas até 11 de agosto.
“Acredito que os hotéis não perceberam a crise que causaram”, afirmou o diplomata, garantindo ao governo “grandes esforços” para convencer os estabelecimentos a baixarem os preços, visto que “a legislação brasileira não permite a imposição de reduções”.
Desde o anúncio da COP30 na capital paraense, a falta de infraestrutura na histórica cidade litorânea de 1,3 milhão de habitantes tem sido apontada como um obstáculo ao sucesso do evento, e os organizadores agora se esforçam para triplicar os 18 mil leitos normalmente disponíveis em Belém, considerando as cerca de 45 mil pessoas esperadas.
Os países em desenvolvimento terão acesso a tarifas reduzidas de até R$ 1,2 mil por noite. No entanto, esse valor permanece superior à “contribuição para acomodação” de aproximadamente R$ 830 fornecida pela ONU às nações mais pobres para viabilizar sua participação na COP.
Vários países europeus também estão considerando reduzir o número de participantes para conter os custos. Este é mais um sinal das dificuldades que pesam sobre a organização da Conferência. (ANSA).