A deflação aguardada para o fechamento de junho no índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) já se fez presente, em maio, nos medicamentos adquiridos por hospitais. Um mês após o reajuste anual definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que resultou na alta dos preços de medicamentos de maneira geral, o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) aponta recuo de 1,37%.

Calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a plataforma Bionexo, empresa de tecnologia SaaS líder em soluções para gestão em saúde, o IPM-H dá conta de que o resultado do mês de maio foi influenciado pela queda nos preços dos grupos aparelho digestivo, metabolismo e sistema nervoso.

Em termos comparativos, o IPM-H de maio fechou 1,60 ponto porcentual abaixo da inflação ao consumidor medida pelo IPCA, que no mesmo período registrou uma alta média de 0,23% nos preços ao consumidor. O IPM-H em maio só não ficou abaixo da variação do IGP-M, que registrou uma deflação de 1,84% nos preços no atacado.

“Além disso, informações do Banco Central revelaram um recuo mensal de 0,74% na taxa média de câmbio”, disse o economista da Fipe, Bruno Oliva.

Segundo o economista, o comportamento do IPM-H se mostrou em linha com o comportamento histórico para o mês de maio. Isso porque, conforme padrão sazonal do índice, apurado desde 2015, os preços usualmente exibem desaceleração ou recuo no mês seguinte à entrada em vigor dos reajustes anuais autorizados pela CMED, que estabeleceu uma alta de até 5,6% para os preços dos medicamentos no país. Em abril os preços dos medicamentos foram ajustados para cima em 3,21%.

Entre os fatores que contribuíram para a queda observada no grupo terapêutico aparelho digestivo e metabolismo, pode-se destacar o comportamento dos preços de medicamentos classificados como antieméticos, muito demandados por hospitais.

“O resultado colaborou para acomodar, parcialmente, altas apuradas para esse mesmo grupo terapêutico nos meses anteriores”, disse Oliva.

De acordo com a apuração da Fipe e da Bionexo, entre os grupos terapêuticos, a queda se concentrou em medicamentos atuantes no aparelho digestivo e metabolismo, com variação negativa de 18,95%. Em seguida, destacaram os seguintes: sistema nervoso, com recuo de 2,93%; sangue e órgãos hematopoiéticos, com baixa de 0,68%; imunoterápicos, vacinas e antialérgicos, com variação de 0,41% a menor; aparelho cardiovascular, com deflação de 0,14%; e preparados hormonais, com ligeira queda de 0,03%).

Em contrapartida, apurou-se aumento mensal nos preços dos grupos: órgãos sensitivos, 1,18%; aparelho geniturinário, 0,53%; anti-infecciosos gerais para uso sistêmico, 0,50%; aparelho respiratório, 0,29%; sistema musculoesquelético, 0,25%; e agentes antineoplásicos, 0,21%.

Considerando o recuo do IPM-H em maio, os preços dos medicamentos para hospitais ampliaram as quedas para 3,06%, no balanço parcial de 2023, e para 5,74%, nos últimos 12 meses encerrados em maio.