(Reuters) – Os preços ao consumidor nos Estados Unidos ficaram inalterados em julho, devido a uma queda acentuada no custo da gasolina, proporcionando o primeiro sinal notável de alívio para os bolsos dos norte-americanos, que viram a inflação disparar nos últimos dois anos.

O índice de preços ao consumidor (IPC) permaneceu estável no mês passado, após avançar 1,3% em junho, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira em um relatório observado de perto e que poderia permitir ao Federal Reserve reduzir o tamanho do aumento da taxa de juros em setembro.

A leitura de julho representou a maior desaceleração mensal dos aumentos de preços desde 1973 e veio após um tombo de cerca de 20% no custo da gasolina. Os preços na bomba dispararam no primeiro semestre deste ano devido à guerra na Ucrânia, atingindo uma média recorde de mais de 5 dólares por galão em meados de junho, segundo a federação norte-americana de associações automobilísticas AAA.

Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2% no IPC mensal em julho. Além de sua reunião de política monetária no próximo mês, o Fed indicou que várias desacelerações nas leituras do IPC seriam necessárias antes de amenizar o agressivo aperto da política monetária em curso para domar a inflação, atualmente na máxima em quatro décadas.

Os dados abaixo do esperado para a inflação desencadearam uma forte recuperação nos mercados de ações, com o índice S&P 500 em alta de 1,8% na manhã desta quarta-feira.

Investidores imediatamente reduziram apostas de que o Fed fará um terceiro aumento consecutivo de 75 pontos-base na reunião de 20 e 21 de setembro e agora veem que o banco central dos EUA deve optar por uma elevação de 50 pontos-base.

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“Este ainda não é o declínio significativo na inflação que o Fed está procurando, mas é um começo e esperamos ver sinais mais amplos de alívio nas pressões de preços nos próximos meses”, disse Paul Ashworth, economista-chefe para os EUA da Capital Economics.

Os preços ao consumidor têm subido devido a vários fatores, incluindo gargalos nas cadeias de suprimentos globais, estímulos fiscais maciços dos governos no início da pandemia de Covid-19 e a guerra da Rússia na Ucrânia.

Os alimentos são um dos componentes do índice que permaneceram elevados em julho, com alta de 1,1%, de 1,0% em junho.

Nos 12 meses até julho, os preços ao consumidor aumentaram 8,5%, abaixo do esperado, após taxa de 9,1% em junho. As pressões do núcleo da inflação, que exclui os voláteis componentes de alimentos e energia, também mostraram alguns sinais encorajadores.

O núcleo do índice subiu 0,3% em julho, depois de alta de 0,7% em junho, mas ainda aumentou 5,9% nos 12 meses até julho, mesmo ritmo de junho.

MERCADO DE TRABALHO APERTADO

O caminho para aumentos dos juros pelo Fed é de interesse central para investidores, empresas e consumidores, já que os formuladores de política monetária sinalizaram na semana passada que continuarão com os aumentos da taxa até verem evidências fortes e duradouras de que a inflação está no caminho certo rumo à meta de 2% do banco central norte-americano.

Um mercado de trabalho extremamente apertado também está elevando os salários. Pode haver pouco alívio nessa frente, à luz do crescimento mais forte do que o esperado do emprego e dos ganhos salariais em julho. A economia criou 528 mil postos de trabalho no mês passado e a taxa de desocupação voltou a sua mínima pré-pandemia, informou o governo na sexta-feira.

A força do mercado de trabalho dificultará a missão do Fed de equilibrar a economia em breve.

O Fed elevou sua taxa básica de juros em 225 pontos-base desde março, apesar dos temores de que o forte aumento nos custos dos empréstimos pudesse levar a economia à recessão.

(Reportagem de Lindsay Dunsmuir)


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