Preço do petróleo é hoje 75% do que era no início de 2024, diz presidente da Petrobras

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, relacionou à desvalorização da cotação do petróleo a definição do valor que a estatal pretende investir nos próximos cinco anos. Durante coletiva de imprensa sobre o plano de negócios (PN) 2026-2030, nesta sexta-feira, 28, ela disse que o plano, apresentado na véspera, traz uma redução importante na projeção do preço do petróleo Brent. A estatal informara, na quinta-feira, que o valor do Brent, por barril, previsto é de US$ 63 para 2026 e de US$ 70 para 2030.

“Eu chamo a atenção que, do primeiro semestre do ano passado, para o momento atual, nós temos uma queda de US$ 20 por barril no preço do petróleo cru”, disse Magda. “Isso significa que nós estamos hoje, no mês de novembro, com 75% do valor do petróleo Brent, que é o que nos remunera, comparado ao início do ano de 2024.”

A seguir, ela fez uma comparação com finanças pessoais. “O que significaria nas contas pessoais de cada um de vocês, se de um ano para outro vocês tivessem um salário reduzido a 75% do valor? Que tipo de exercício se teria de fazer para equilibrar as contas? E é isso que estamos fazendo.”

A CEO da estatal afirmou que “muitos cenaristas estão falando de petróleo em US$ 50 no começo do ano que vem” e que, “com petróleo baixo, produtores pisam no freio, e o preço pode subir; por isso o cenário de US$ 70 para os quatro anos finais do plano”.

Quanto a estatal planeja investir

Magda ressaltou que, ainda assim, o volume de investimentos previstos pela estatal nos próximos cinco anos é importante para a economia nacional. Este é o segundo plano da companhia sob comando dela. “É um volume que representa 5% de todo o investimento que acontece no nosso país”, disse.

Na véspera, a estatal divulgou plano para os próximos cinco anos. No período de 2026-2030, a estatal prevê US$ 109 bilhões de investimentos totais (capex). A cifra representa um recuo de 1,8% em comparação ao atual plano.

Desse total, US$ 81 bilhões estão garantidos, US$ 10 bilhões foram colocados para revisão trimestral até 2027 e outros US$ 18 bilhões serão analisados futuramente pela petroleira.

O diretor financeiro, Fernando Melgarejo, enfatizou que a estatal reduziu o Brent de equilíbrio para US$ 59 em 2026 de US$ 80 no plano anterior (2025-2029). “Para indicadores do preço do óleo buscamos mais de 30 cenaristas que trabalham no setor”, afirmou.

A presidente da estatal ressaltou que a empresa está sendo cautelosa, atenta ao nível de endividamento, mas que não pode abrir mão de investimentos importantes.

“Em cenário do preço do petróleo todas as estimativas estão erradas. Ou seja, estamos dizendo que o ano que vem vai ser bem difícil, mas depois pode mudar. Se adotássemos essa premissa mais radical (US$ 50), poderíamos evitar investimentos que são importantes para a companhia. Por isso, colocamos US$ 10 bilhões da Carteira em Implantação para serem revisados e que vão concorrer entre eles trimestralmente”, garantiu ela. “Estamos voltando com projetos para prancheta e implementando medidas diversas para otimizar custos, buscando uma economia de 8,5% nos gastos operacionais até 2030”, ressaltou.

Como fica a política de dividendos?

A presidente da Petrobras afirmou que a estatal está comprometida com os investidores ao mesmo tempo que trabalha para manter a saúde financeira.

“Nossa política de dividendos está mantida e o endividamento sob controle”, disse durante coletiva de imprensa sobre o plano de negócios (PN) 2026-2030.

A estatal informou que prevê que a geração de caixa entre US$ 190 bilhões e US$ 220 bilhões para os próximos cinco anos. A estimativa da empresa para a remuneração dos acionistas é de dividendos ordinários entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões, de acordo com o documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A executiva ressaltou que a estatal está implantando medidas para reduzir custos de US$ 12 bilhões, mas que, no momento, não há uma carteira de carteira de desinvestimentos.