Preço do petróleo cai por risco de excesso de oferta

Os preços do petróleo caíram nesta sexta-feira (29), depois que a preocupação com um desequilíbrio entre a oferta e a demanda voltou a ganhar destaque, ofuscando, por enquanto, as incertezas geopolíticas.

O preço do barril de cru Brent do Mar do Norte para entrega em outubro, cujo último dia de cotação foi nesta sexta-feira, caiu 0,73%, para 68,12 dólares.

Seu equivalente americano, o barril de cru West Texas Intermediate para entrega no mesmo mês, recuou 0,91%, para 64,01 dólares.

“Existe um desequilíbrio significativo entre a quantidade de petróleo disponível no mercado e a demanda real”, declarou à AFP Andy Lipow, da Lipow Oil Associates.

O mercado teme um excesso de oferta de cru nos próximos meses, devido à decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) de aumentar significativamente suas cotas de produção desde abril, reintroduzindo gradualmente 2,2 milhões de barris diários no mercado.

Prevê-se também que o crescimento da demanda seja muito menos significativo do que o da oferta, e os indicadores econômicos americanos publicados nesta sexta-feira geram temores de uma desaceleração do consumo nos Estados Unidos, disse Lipow.

Nos Estados Unidos, a inflação se manteve estável em julho em 2,6% na comparação anual, segundo o índice PCE.

A inflação subjacente, em contrapartida, mostrou uma leve aceleração, alcançando 2,9% na comparação anual, em relação aos 2,8% de junho.

Além disso, a confiança do consumidor americano despencou em agosto, segundo a estimativa final do barômetro da Universidade de Michigan, publicada igualmente nesta sexta-feira.

Os participantes do mercado duvidam, por outro lado, cada vez mais da continuidade das negociações para uma trégua na Ucrânia.

“Está claro que não haverá reunião entre o presidente [da Ucrânia, Volodimir] Zelensky e o presidente [da Rússia, Vladimir] Putin, ao contrário do que foi acordado entre o presidente [dos Estados Unidos, Donald] Trump e o presidente Putin”, declarou o chanceler alemão, Friedrich Merz, na noite de quinta-feira.

“A falta de avanços em direção a um acordo de paz implica que os riscos de sanções e tarifas secundárias continuam pesando sobre o mercado petrolífero”, explicaram analistas do ING.

No entanto, “ninguém acredita” que Trump chegue ao extremo de sancionar a China, o maior importador de petróleo russo, afirmou Arne Lohmann Rasmussen, analista da Global Risk Management.

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