A chamada democracia representativa, e em especial o presidencialismo, pressupõe a troca de líderes e, com corriqueira frequência, de partidos no topo do poder. É exatamente assim em quase todo o ocidente democrático. Já o parlamentarismo tende a ser, digamos, pouco previsível. Angela Merkel, por exemplo, ex-chanceler alemã, manteve-se por dezesseis anos no cargo de primeira-ministra, enquanto a britânica Liz Truss, tadinha, não completou nem sequer o segundo mês recentemente, e já foi obrigada a pedir o boné e sair de fininho.

Desde a redemocratização o Brasil experimenta a alternância salutar de poder. Sim, é verdade, os quatorze anos seguidos do PT fugiram um pouco à regra, mas em termos históricos, não, pois não tratamos aqui de décadas seguidas no comando da nação. Apenas como exemplo, ainda que extremo, o PRI mexicano se aboletou na Presidência por incríveis setenta anos consecutivos. A recente eleição do presidente Lula da Silva — a meu ver, um mal menor que a reeleição de Jair Bolsonaro — tem tudo para manter a devida continuidade deste processo de “troca-troca” que experimentamos desde Fernando Collor. Contudo, o que não poderá ocorrer daqui a quatro anos é retornarmos mais quatro, ou oito, ou doze, enfim, como acabamos de fazer em outubro passado ao reconduzir o chefão petista ao Planalto. O País precisa caminhar para frente, e a menor possibilidade de um novo embate, em 2026, como o último, entre um candidato péssimo e outro pior ainda, tem de ser eliminada desde já com o surgimento de um nome verdadeiramente capaz de romper a “dicotomia do caos” que representam juntos, Lula e Bolsonaro. Será deprimente se isso não ocorrer.

O País precisa caminhar para frente e é melhor que não haja um novo embate presidencial como o último nas próximas eleições

A senadora Simone Tebet, os governadores Romeu Zema (MG) e Eduardo Leite (RS)… Ok, vá lá, Luciano Huck ou Danilo Gentili, ou quem quer que seja, precisam, ontem, e não hoje nem muito menos amanhã, entrar em campo e jogar para valer, como se já estivéssemos em 2025, porque se deixarem para depois, com o tradicional papinho de união nacional, terceira via e sei lá mais o que, nos restará discutir, outra vez, quem é mais, ou menos, corrupto; quem é mais, ou menos, autocrata; quem é mais, ou menos, danoso ao País. Eu não sei quanto a vocês, leitores amigos, leitoras amigas, mas acho muito pouco para o Brasil. Aliás, acho, não. A realidade é que garante que sim. Chega de trocar seis por meia dúzia e continuar correndo atrás do prejuízo.