Uma das pré-candidatas favoritas para as eleições presidenciais de 2024 na Venezuela, María Corina Machado, da ala mais radical da oposição, foi inabilitada a exercer cargos públicos por 15 anos, segundo um ofício da Controladoria Geral divulgado nesta sexta-feira (30).

O texto da Controladoria, que determinou a inabilitação de uma extensa lista de opositores, entre eles o duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, além de Juan Guaidó, que se exilou nos Estados Unidos em abril, foi lido pelo deputado José Brito, que solicitou em 26 de junho o “status” de Machado.

“Tenho o dever de informar que à cidadã María Corina Machado Parisca (…) foi imposta a sanção de inabilitação para o exercício de qualquer cargo público (…) em 13 de julho do ano 2015” por um período de 15 anos, afirmou o texto lido por Brito a jornalistas.

Segundo a Controladoria, a inabilitação de María Corina foi baseada em “irregularidades administrativas” quando ela foi deputada (2011-2014). A princípio, a inabilitação imposta em 2015 tinha vigência de um ano. O aumento da sanção não foi explicado.

A opositora também é acusada de ter participado de “uma rede de corrupção” liderada por Guaidó, reconhecido, entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023, como presidente interino da Venezuela por 50 países que rejeitavam a reeleição do presidente Nicolás Maduro em 2018, por considerá-la “fraudulenta”.

“Ninguém se surpreende, isso estava por vir, mas se eles acreditam ou acharam que essa farsa de inabilitação ia desestimular a participação nas primárias, devem se preparar, porque se tínhamos força, agora vamos com mais força”, afirmou María Corina em um ato político.

A decisão da Controladoria gerou rejeição na Organização dos Estados Americanos (OEA), à qual a Venezuela deixou de pertencer em 2019. “O regime recorre às inabilitações e proscrições para se manter no poder”, manifestou.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, somou-se aos questionamentos, ao apontar que “nenhuma autoridade administrativa deve tirar os direitos políticos de nenhum cidadão”.

Vários setores opositores manifestaram solidariedade a María Corina, após criticarem a decisão. Inabilitado desde 2017 por 15 anos e inscrito nas primárias opositoras, Henrique Capriles considerou a medida “inconstitucional, infundada e vergonhosa”.

“Essa inabilitação, assim como a nossa e a de outros líderes da oposição, é ilegítima, injustificada e, sobretudo, inconstitucional. Maduro e as instituições que controla seguem o pior caminho, de desenhar uma eleição que só trará mais crise econômica, social e política”, tuitou Capriles.

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