Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira a um grupo de apoiadores que o povo vai reagir se eleições no próximo ano não forem democráticas, e ao defender novamente a adoção do voto impresso para as urnas eletrônicas, insinuou que o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, está contra a democracia por se opor à mudança no sistema de votação.

“O povo vai reagir em 22 se não tivermos eleições democráticas, todos nós queremos eleições”, disse.

“Me acusavam de ser ditador, estou demonstrando exatamente o contrário. Vai ganhar eleições quem tem voto. Se não for desta maneira, poderemos ter problemas em 22 e eu não quero ter problema”, reforçou ele, em vídeo veiculado pelas redes sociais.

O presidente voltou a dizer que vai apresentar na quinta-feira a toda a imprensa o que seriam “todas as inconsistências” nas eleições de 2014 e 2018, ressaltando que será uma “bomba”.

Até o momento sem apresentar provas, mesmo instado pelo instado pela Justiça Eleitoral, ele tem dito que a eleição presidencial de 2014 teria sido vencida pelo tucano Aécio Neves e não pela petista Dilma Rousseff e que, quatro anos depois, ele teria sido eleito no primeiro turno e não na etapa final contra o candidato do PT, Fernando Haddad.

Apesar dos ataques de Bolsonaro ao atual sistema, ele tem sido eleito sucessivamente para vários mandatos de deputado federal e por último presidente pelo voto em urna eletrônica.

Ainda assim, o presidente afirmou a apoiadores que não há como as eleições no Brasil serem limpas. Segundo ele, Barroso parece estar “contra a democracia” por contestar a alteração da proposta.

“Quem está contra isso, está contra a democracia”, destacou.

Procurada, a assessoria de imprensa do Tribunal Superior Eleitoral não respondeu de imediato a pedido de comentário.

O presidente do TSE tem contestado a mudança do sistema de votação ao considerar que, ao contrário da defesa feita por Bolsonaro, a alteração poderia causar um risco desnecessário de fraude porque haveria dois sistemas de cômputo de votação, o eletrônico e o manual, por exemplo.

A proposta do voto impresso também sofre resistências para avançar na Câmara dos Deputados.

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