Movida por dúvidas, a ciência ainda não conseguiu confirmar a origem da vida na Terra. Embora existam inúmeras especulações sobre a formação do universo, como a explosão do Big Bang, o tema é repleto de incertezas. Este foi um dos motivos pelos quais a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), levou mais de 12 anos para projetar e lançar uma sonda capaz de realizar uma arriscada missão: coletar amostras da superfície de um asteroide.

“Há uma crença de que alguns fragmentos de asteróides podem ter trazido componentes minerais para a Terra” – Daniela Lazzaro, astrofísica (Crédito:Divulgação)

Lançada em 2016, a Osiris-Rex pousou e armazenou material do asteroide Bennu na última terça-feira, 20, localizado a mais de 320 milhões de quilômetros da Terra. A existência do corpo celeste com mais de 500 metros de comprimento foi confirmada em 1999. Segundo especialistas, a rocha nasceu praticamente junto com o Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos atrás, no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Sendo assim, é tida como uma rica fonte de material orgânico, pois se mantém em seu estado natural com moléculas de carbono e água em sua estrutura, fator que auxiliaria nas investigações acerca da origem da vida em nosso planeta.

 

Avanço nas pesquisas

Com equipamentos de última geração, a sonda usou uma manobra apelidada de TAG, sigla para “Touch-and-Go” (Toca e Sai). Segundo a NASA, a ação durou apenas 16 segundos. No caso, a sonda utilizou seu braço robótico para desbravar a cratera Nightingale (rouxinol), com 8 metros de diâmetro, localizada no polo norte do Bennu e, na sequência, utilizou um disparo de nitrogênio pressurizado para levantar o material da superfície e coletar cerca de 60 gramas de amostras. Por fim, ativou os propulsores para se afastar do corpo celeste em segurança.

Agora, resta aguardar 10 dias até que a Osiris enviei uma mensagem dando um parecer da missão. Se tudo ocorrer como o esperado, essa será a maior coleta de material extraterrestre desde as missões da Apollo à Lua, entre 1960 e 1970.

Embora a façanha americana seja notável, não é a pioneira. As sondas japonesas Hayabusa (2003) e Hayabusa2 (2014) exploraram os asteroides Itokawa e Ryugu alguns anos atrás, inclusive especialistas afirmam que a Hayabusa2 irá concluir sua missão em dezembro deste ano, quando retorna à Terra com o material espacial. “Essas missões nos permitem fazer coisas impressionantes no espaço”, ressalta Daniela Lazzaro, Astrofísica do Observatório Nacional. “Há uma crença de que alguns fragmentos de asteroides podem ter trazido componentes minerais para a Terra quando caíram aqui há milhões de anos. Algo anterior aos dinossauros”, afirma.

Para se ter ideia, o custo estimado da Osiris ultrapassa US$ 1 bilhão e é só um dos exemplos de como a corrida espacial está em alta. A NASA prepara missões tripuladas para os próximos anos, algo visto com bons olhos por autoridades cientificas. “Com o material do asteroide, podemos avançar nos estudos sobre a origem da vida. Isso é importante”, afirma Daniela Lazzaro. A sonda só deve chegar à Terra em setembro de 2023.