A agressão ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, em Roma, por “patriotas” que insistem em desrespeitar o Estado Democrático de Direito e as mais comezinhas regras da civilização, contrasta com recentes movimentos de bolsonaristas arrependidos, em fuga desesperada da nau a pique.

Dias atrás, um importante empresário do segmento de alimentação fast food, que durante a pandemia protagonizou momentos de fanatismo ideológico e negacionismo científico explícitos, confessou arrependimento e prometeu jamais misturar política e negócios outra vez. Descobriu que isso faz mal para seus hambúrgueres e batatas fritas, hehe.

Nesta segunda (17), um outro empresário do mesmo segmento declarou que não apoiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro novamente (caso fosse ainda elegível, claro), e teceu efusivos elogios ao atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizendo que o petista merece – pasmem!! – nota 10.

Na mesma linha, o líder de um movimento religioso sobre duas rodas – sim, isso é possível no bolsonarismo – que organizou diversas motociatas em apoio ao patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias compradas com panetones de chocolate e dinheiro vivo, admitiu ter sido “trouxa” e se disse igualmente arrependido.

Também não podemos esquecer daquela figura grotesca, similar a um papagaio entorpecido por semente estragada, figurinha carimbada nas manifestações antidemocráticas e financiador de movimentos golpistas, que andou elogiando o governo Lula mais de uma vez. É outro que descobriu que golpe de Estado e negócios não combinam.

Por fim, de igual sorte, nenhuma das costumeiras vozes extremistas que cercam o ex-presidente bradou apoio aos agressores de Roma, preferindo o silêncio prudente e, sobretudo, o direito de permanecer, por ora, afastado da caneta do Xandão. Aliás, o próprio Bolsonaro mantém a boca selada, evitando agravar sua já delicada situação perante a Justiça brasileira.

Ao que parece, salvo episódios isolados e um ou outro fanático que bate continência para pneu e envia sinais por celular aos ETs, a sanha golpista vai, melancolicamente, caminhando para o fim. Como para o fim caminha o risco de o Brasil retroceder em relação à democracia, ao menos por conta e ordem do ex-verdugo do Planalto e seu exército pastelão.