10/09/2024 - 14:36
Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha anunciaram nesta terça-feira (10) novas sanções ao Irã, particularmente contra o setor de transporte aéreo, após acusarem a República Islâmica de ter fornecido mísseis balísticos à Rússia para serem utilizados na Ucrânia.
O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, afirmou em uma coletiva de imprensa em Londres que o Irã forneceu mísseis à Rússia para serem usados “nas próximas semanas” na Ucrânia, que enfrenta desde fevereiro de 2022 uma invasão das tropas de Moscou.
Blinken explicou, ao lado do ministro britânico das Relações Exteriores, David Lammy, que um dos principais alvos das novas sanções será a companhia aérea nacional Iran Air.
O Reino Unido foi o primeiro a anunciar medidas concretas.
“Começamos a encerrar todas as conexões aéreas diretas entre o Reino Unido e o Irã”, disse a ministra britânica dos Transportes, Louise Haigh.
A Iran Air opera voos diretos entre o Aeroporto Heathrow de Londres e Teerã.
França, Alemanha e Reino Unido também condenaram em um comunicado conjunto “a exportação por parte do Irã e a aquisição de mísseis balísticos iranianos pela Rússia” e anunciaram sanções contra o setor de transporte aéreo.
Os três países consideraram que essas vendas de armas constituem “uma nova escalada do apoio militar do Irã à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”.
“Esta escalada, provocada tanto pelo Irã quanto pela Rússia, é uma ameaça direta à segurança europeia”, diz o texto.
“Vamos tentar identificar entidades significativas e indivíduos envolvidos com o programa de mísseis balísticos do Irã e a transferência de mísseis balísticos e outras armas para a Rússia”, acrescenta.
A Iran Air será uma das mais afetadas por estas sanções econômicas, por ter feito entregas de material à Rússia, afirmou o Departamento do Tesouro dos EUA.
“Os parceiros internacionais estão anunciando medidas que não permitirão que a Iran Air opere no seu território no futuro”, observou.
O Irã rejeitou as acusações e as qualificou de “informações falsas e enganosas”.
“Não passa de uma horrível propaganda e uma mentira destinada a encobrir o alcance do apoio armamentista massivo e ilegal dos Estados Unidos e de certos países ocidentais ao genocídio na Faixa de Gaza”, território palestino palco de uma guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas, acusou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanani, na rede social X.
Blinken afirmou que Teerã prosseguiu com as exportações de armas para a Rússia, apesar das advertências dos EUA, e garantiu que dezenas de militares russos foram treinados no Irã para operar o míssil Fath-360, que tem um alcance de 120 quilômetros.
“Havíamos advertido ao Irã em particular que dar esse passo constituiria uma escalada dramática”, disse Blinken.
“O novo presidente e o novo ministro das Relações Exteriores do Irã declararam repetidamente que querem restabelecer o diálogo com a Europa e que desejam a redução das sanções. Ações desestabilizadoras como essas terão exatamente o efeito contrário”, advertiu Blinken.
Blinken e Lammy viajarão juntos “esta semana” à Ucrânia, informou o chefe da diplomacia britânica.
“Somos os aliados mais próximos, por isso estou encantado que viajemos juntos, demonstrando nosso compromisso com a Ucrânia”, que enfrenta uma intensificação da ofensiva russa no leste do país, declarou.
Blinken iniciou na segunda-feira uma visita ao Reino Unido para compartilhar com o novo governo britânico do primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer a determinação de ajudar a Ucrânia.
A visita antecede à de Keir Starmer à Casa Branca na sexta-feira, em sua segunda viagem a Washington desde que assumiu o poder no início de julho, após 14 anos de governos conservadores.
O Reino Unido é um dos principais apoios da Ucrânia, e Starmer reiterou que vai manter a posição de seus antecessores conservadores, que apoiaram firmemente Kiev na guerra contra a Rússia.
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