Português poeta e apaixonado pelo mar está entre ‘papáveis’

VATICANO, 6 MAI (ANSA) – Entre os possíveis sucessores mais jovens do papa Francisco está o português José Tolentino de Mendonça, um sutil homem de letras e amante da poesia. O religioso foi nomeado cardeal em 2019 e em 2022 tornou-se prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.   

Nascido em 1965 na ilha portuguesa da Madeira, ele é o mais novo de cinco irmãos e passou os primeiros anos da infância em Angola, em diversas cidades costeiras, acompanhando o pai pescador.   

Aos nove anos deixou a África: foi o período em que Portugal se retirou de suas colônias. Já em 1989 obteve a licenciatura em teologia; um ano depois foi ordenado sacerdote e matriculado no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, concluindo o curso de ciências bíblicas.   

Posteriormente, entre 2011 e 2012, realizou pesquisas em Nova York, dirigiu a revista de estudos teológicos “Didaskalia” e tornou-se reitor da capela de Nossa Senhora da Bonança.   

Nomeado em 2011 como consultor do Conselho Pontíficio para a Cultura, Mendonça também trabalhou como professor convidado no Brasil, nas universidades católicas de Pernambuco e do Rio de Janeiro e na Faculdade de Filosofia e Teologia dos Jesuítas em Belo Horizonte.   

O cardeal português tem inúmeras publicações em seu currículo: volumes e artigos nos campos teológico e exegético, mas também obras poéticas.   

Considerado um especialista na relação entre literatura e teologia, em 2014, representou Portugal no “Dia Mundial da Poesia” e, durante anos, editou uma coluna semanal no jornal “Expresso”, intitulada “O que são as nuvens”.   

Nos últimos anos, a publicação tem sido protagonista de um interessante intercâmbio entre opostos, com o escritor ateu e prêmio Nobel de Literatura, José Saramago.   

Em 2018, Francisco o fez arcebispo e o nomeou arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, cargo que ocupou até 2022, quando se tornou prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.   

Em 2020, ganhou o prêmio europeu “Helena Vaz da Silva” por sua capacidade de promover a beleza e a poesia como parte do patrimônio cultural imaterial da Europa e do mundo.   

Mendonça foi reconhecido por sua capacidade de inspirar e envolver além das fronteiras da Igreja, de dialogar utilizando a linguagem da literatura e da filosofia. Ter nascido em uma ilha permitiu que ele desenvolvesse uma relação muito forte com o mar, algo recorrente em muitos de seus escritos. (ANSA).