LISBOA (Reuters) – Autoridades portuguesas estavam investigando nesta quinta-feira o que fez com que o popular Elevador da Glória descarrilasse e descesse morro abaixo, matando pelo menos 16 pessoas e ferindo 21 ao se chocar contra um prédio.
Imagens do local mostraram os destroços do bondinho amarelo, que transporta pessoas para cima e para baixo em uma encosta íngreme na capital portuguesa, no local onde saiu dos trilhos e bateu em um prédio, a poucos metros de outro vagão na parte inferior da colina.
Abel Esteves, de 75 anos, morador de Lisboa, e sua esposa e neto estavam entre os 40 passageiros do vagão na base da colina que viram o vagão descarrilado indo em sua direção.
“Quando vi outro vagão descendo, disse à minha esposa: ‘Vamos todos morrer aqui'”, declarou ele. “O vagão ganhou uma velocidade brutal, deu uma leve guinada e atingiu o prédio com um grande estrondo.”
As bandeiras foram hasteadas a meio mastro enquanto Portugal declarou um dia de luto pelas vítimas. As duas linhas restantes da cidade foram fechadas para inspeções, segundo as autoridades.
Mais de 30 pessoas estiveram envolvidas no acidente, sendo que 15 morreram no local e outra morreu no hospital durante a noite. A diretora dos serviços de emergência de Lisboa, Margarida Martins, havia dito anteriormente que 17 morreram.
Entre os feridos estavam quatro cidadãos de Portugal, dois da Alemanha, dois da Espanha e um cada de Coreia, Cabo Verde, Canadá, Itália, França, Suíça e Marrocos, afirmou ela.
As autoridades não identificaram as vítimas pelo nome, mas disseram que alguns estrangeiros estavam entre os mortos.
Eliane Chaves, uma brasileira que vive em Lisboa há 20 anos, disse que passa pelo Elevador da Glória todos os dias.
“É realmente triste”, declarou ela, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. “As pessoas dizem que foi negligência, mas não foi negligência. Eles supervisionam tudo minuciosamente. Foi um acidente, assim como pode acontecer com um avião ou um carro.”
Sistema de freios
Manuel Leal, líder do sindicato Fectrans, disse à TV local que os trabalhadores da linha da Glória — um dos símbolos da cidade — haviam reclamado de problemas com a tensão do cabo de transporte que dificultava a frenagem, mas ainda era cedo para dizer se essa era a causa do acidente.
A empresa municipal de transporte público Carris informou em um comunicado que “todos os protocolos de manutenção foram executados”, incluindo programas de manutenção mensais e semanais e inspeções diárias.
No local do acidente, a polícia pôde ser vista tirando fotos dos destroços e inspecionando o sistema de freios do vagão não danificado nas proximidades.
Os dois vagões da linha, cada um com capacidade para transportar cerca de 40 pessoas, são presos a extremidades opostas de um cabo de transporte com tração por motores elétricos nos vagões que se contrabalançam.
A linha, inaugurada em 1885, liga o centro de Lisboa, próximo à Praça dos Restauradores, ao Bairro Alto, famoso por sua vibrante vida noturna.
(Reportagem de Andrei Khalip, Inti Landauro, Sergio Goncalves)