06/12/2019 - 14:40
FLORENÇA, 06 DEZ (ANSA) – Separadas há quase 30 anos para serem restauradas, as gigantescas portas do Batistério de Florença, cada uma com cinco metros de altura e três de largura, foram reunidas novamente.
As obras-primas foram feitas entre 1330 e 1452, mas não ficarão em sua locação original por motivos de preservação, e sim no Museu dell’Opera di Santa Maria del Fiore, instituição que também engloba a Catedral de Florença, a cúpula de Brunelleschi, o Campanário de Giotto e o próprio Batistério.
A partir de 9 de dezembro, as portas poderão ser admiradas uma ao lado da outra na “Sala del Paradiso”, que já abrigava duas delas: a porta “Paradiso”, mais famosa de todas e supostamente batizada por Michelangelo, impressionado com sua beleza, e a porta Norte.
Agora chegou ao museu também a porta Sul, a mais antiga e feita por Andrea Pisano, discípulo e colaborador de Giotto. Ela foi a última a ser restaurada pela oficina Opificio delle Pietre Dure, em um processo que custou à Opera di Santa Maria del Fiore 1,5 milhão de euros.
Com o retorno da porta Sul, termina a restauração iniciada em 1978, com as primeiras intervenções na “Paradiso”, que só foram concluídas em 2012, devido à complexidade dos trabalhos. O portal que encantou Michelangelo também foi o primeiro a ser removido de seu local original, em 1990 – todas as portas do Batistério foram substituídas por réplicas.
A restauração da Sul, assim como da Norte, exigiu três anos de trabalho e conseguiu devolver à luz o que resta de sua beleza dourada e dos impressionantes detalhes das partes escultóricas, feitos com um cuidado tão apaixonado que se parecem uma oração – alguns relevos na parte inferior se mostraram desgastados por causa do contato com as mãos que abriam as portas.
O portal Sul foi feito entre 1330 e 1336 e se compõe de 28 painéis, dos quais 20 mostram episódios da vida de São João Batista. Os outros oito exibem figuras emblemáticas, e os painéis são intercalados com 74 frisos.
A porta também conta com 48 cabeças de leão, símbolo de Florença, uma das quais havia sido perdida em uma inundação em 1966, que provocou danos graves nas três entradas do Batistério.
Após o trabalho na porta Sul, Andrea Pisano assumiu as mais importantes tarefas do principal escultor florentino do século: Giotto. Ele levou adiante as obras no Campanário, onde realizou, com a ajuda de colaboradores, oito grandes estátuas e 48 relevos. Os originais também estão no Museu dell’Opera. (ANSA)