Em pouco mais de um mês, dois acidentes foram registrados no Metrô de São Paulo. No dia 6 de maio, um passageiro morreu após ficar preso entre as portas do vagão e a de segurança da plataforma. O outro caso ocorreu em 25 de março, quando uma mulher também ficou presa entre as portas de segurança, mas sem grandes ferimentos.
A passageira ficou prensada na estação Vila Prudente, da Linha 2-Verde. Imagens da câmera de segurança da estação mostram ela sem conseguir movimentar os braços. Em seguida, funcionários da companhia aparecem para resolver a situação.
À época, o Metrô informou que a mulher tentou embarcar no vagão após a emissão dos alertas sonoros e luminosos de que as portas iriam se fechar, mas não mencionou se o sistema era dotado de sensores para segurança.
- Diferenças entre as linhas: Os trens da Linha 5-Lilás da ViaMobilidade são automatizados e operam sem um condutor na cabine devido ao sistema de controle chamado CBTC (Communications-Based Train Control). Já os trens da Linha 2-Verde ainda são conduzidos por maquinistas.
O acidente mais recente, que resultou na morte de Lourivaldo Ferreira da Silva Nepomuceno, de 35 anos, ocorreu na plataforma da estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás, zona sul de São Paulo, no momento de maior fluxo do dia.
Por meio de nota enviada à IstoÉ, a ViaMobilidade lamentou o ocorrido e informou que o passageiro tentou embarcar no vagão após a emissão de avisos sobre os fechamentos das portas, e acabou ficando prensado no espaço entre o trem e a plataforma.
Sistema das portas
A Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo conta, desde 2022, com portas de plataforma em todas as suas estações, utilizando o sistema PSD (Platform Screen Door). Essas portas, integradas a paredes fixas, aumentam a segurança ao impedir a queda de passageiros ou objetos na via.
À reportagem, Luis Kolle, engenheiro do Metrô de São Paulo e presidente da AEAMESP (Associação de Engenheiro e Arquitetos de Metrô), explicou que o sistema utilizado sincroniza a abertura e fechamento das portas do trem e das plataformas. Caso seja identificado algo que impeça o fechamento, as portas são abertas novamente.
Em entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da Band, o presidente da ViaMobilidade, Francisco Pierrini, informou que não há um sensor para identificar a presença de uma pessoa ou objeto no vão entre as duas portas. “Mas nossa engenharia já vem trabalhando nesse projeto (de implementação de sensores). A tendência é que a gente busque até adiantar esse projeto”, completou.
Enquanto isso não acontece, a empresa pretende adotar outras medidas, como aumentar o volume dos avisos sonoros e colocar adesivos nas portas informando sobre a necessidade de respeitar os alertas.
Linha Vermelha tem sensores anti-acidentes
Indagado sobre a implementação de um sistema para evitar acidentes, Kolle afirmou que algumas estações da Linha 3-Vermelha do Metrô já possuem sensores anti-acidentes no vão entre o trem e as portas automáticas das plataformas.
“As estações mais novas dessa linha têm um sensor para detectar se tem algum usuário ali. As linhas mais antigas, como a Vila Matilde, ainda não possuem isso”.
A IstoÉ procurou o Metrô para saber em quais estações esse sistema já foi implementado, mas não obteve respostas até o momento.
Quem era o passageiro que morreu
Lourivaldo Ferreira da Silva Nepomuceno era morador da cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, era casado e tinha três filhos.
Segundo o pai, Lourivaldo trabalhava como repositor e estudava Educação Física. Nas redes sociais, o rapaz publicava vídeos mostrando sua iniciação na corrida e dava dicas aos seus seguidores.
O pai ainda informou que o filho completaria 36 anos no próximo domingo. “Até falei com ele para fazer um churrasco, porque é meu aniversário dia 23, o dele dia 11 e o da minha caçula de outro relacionamento, dia 8”.
*Com informações do Estadão Conteúdo