Iremos voltar a viajar? Teremos a mesma liberdade de ir e vir como antes? 

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Embora nossa realidade seja de um ano inteiro de enclausuramento necessário (porém muito mal administrado), não nascemos para ficar presos ou confinados para sempre. Lidar com o confinamento e com uma pandemia é como um castigo para o ser humano. Inclusive as teorias encontradas em alguns livros de antropologia nos levam a crer que esse desejo de sair para o mundo, explorar e conhecer novos lugares, é inerente ao homem a partir do momento em que ele adquiriu cultura.

O que vivemos hoje nos faz lembrar o que os nossos avós e bisavós viveram durante a gripe espanhola, as guerras e a ditadura. A sensação de medo e de perigo nos tira a essência que nos foi dada desde sempre: Sermos livres e nos locomovermos quando quisermos. Sendo assim, podemos considerar que viajar não pode ser considerado supérfluo.

A viagem cria possibilidades de uma vida melhor e representa possibilidades infinitas de obter experiências, vivências e proporciona uma transformação na sua percepção sobre a vida. Viagem proporciona conhecimento.

Espelhem-se nos viajantes intrépidos e famosos por seus feitos. O navegador e explorador brasileiro Amyr Klink deixa isso muito claro em um de seus depoimentos após uma das voltas que deu ao mundo sozinho com seu barco: “Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

Outro pensamento importante é do escritor espanhol Fernandez Fuster que dizia que “o homem tem se encontrado em seu caminho sempre com o ‘demônio da viagem’, e este o tem possuído. É provável que em muitas ocasiões a razão do ‘ser’ se tem confirmada por uma base cartesiana: ‘viajo, logo existo’ com a qual o deslocamento se relaciona com todas as demais necessidades vitais”. 

Viajar é mesmo fundamental. Porque a emoção de estar num lugar que você sempre viu nos livros (e sonhou em estar) nunca vai poder ser descrita em palavras, fotos ou vídeos. Nenhuma tecnologia vai conseguir recriar essa sensação. Porque sair é, muitas vezes, a melhor forma de nos encontrarmos – por mais irônico que possa parecer. Porque viajar é uma ótima forma de desenvolver habilidades que nem você sabia que tinha, porque tem que lidar o tempo todo com improviso.

Quando estamos na rotina, muitas ações são programadas, nas viagens nunca há como prever o que vai acontecer. Porque viajar nos torna mais humildes ao nos tirar da bolha e nos mostrar que o mundo é muito maior – e mais complexo – do que insistimos em imaginar.