O representante mineiro nas semifinais da Copa do Brasil começou a ser definido na semana passada, mas só será conhecido nesta quarta-feira, quando os rivais Atlético e Cruzeiro se enfrentarão a partir das 19h15, no Independência, com espíritos bem definidos: a busca por uma façanha de um lado e os pés no chão para evitá-la no outro, confirmando o favoritismo conquistado dentro de campo.

Na última quinta-feira, a balança pendeu para o lado do Cruzeiro. No Mineirão, com ótima atuação de Pedro Rocha e precisão para aproveitar as falhas do rival, venceu o Atlético por 3 a 0 e ficou muito próximo de avançar às semifinais, podendo perder por até dois gols de diferença nesta quarta para se classificar – qualquer triunfo da equipe alvinegra por três gols de diferença levará a definição da série aos pênaltis.

O duro revés abalou o Atlético-MG em uma semana complicada para o clube, que no dia seguinte ao clássico anunciou a aposentadoria do volante Adílson, que já havia ficado de fora do clássico por causa de um problema cardíaco – ele passou a fazer parte da comissão de Rodrigo Santana, efetivado na função de técnico na intertemporada.

A raridade na Copa do Brasil do feito que o Atlético buscará nesta quarta-feira pode ser um indicativo do desafio que se impõe ao time. Afinal, em 31 edições da competição, apenas oito vezes um clube conseguiu reverter a desvantagem de ter perdido o confronto de ida por três gols de diferença, avançando de fase.

Além disso, a meta também é rara no clássico mineiro, pois a última vez em que o Atlético venceu o rival por três gols de diferença – resultado que levaria o confronto aos pênaltis – foi no jogo de ida da final do Estadual em 2012. Também em uma decisão do Mineiro, a de 2007, vem a última partida em que bateu o Cruzeiro por um placar que lhe daria a classificação direta – 4 a 0.

Para buscar um resultado de conotação histórica, o Atlético-MG deu descanso aos seus titulares no fim de semana, quando derrotou a Chapecoense por 2 a 1, com o gol da vitória sendo marcado aos 53 minutos do segundo tempo, um resultado que ajudou a recuperar um pouco o moral do elenco.

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O técnico Rodrigo Santana deve mexer na formação titular para surpreender o Cruzeiro, sendo a entrada de Otero no setor ofensivo a mudança mais provável, especialmente pelo poderio do venezuelano nas jogadas de bola parada e em chutes de longe, algo que pode ser importante contra um rival que deve atuar retrancado.

“A gente precisa fazer a nossa parte, com muita atenção, com concentração, vontade de vencer e de virar essa decisão. O placar foi muito elástico, mas está em aberto. Se a gente ainda tem esses últimos 90 minutos, vai lutar até o final para procurar reverter”, prometeu Rodrigo Santana, contando com o apoio vindo das arquibancadas, que estarão lotadas, pois os ingressos se esgotaram antecipadamente.

Campeão da Copa do Brasil de 2014 em decisão contra o Cruzeiro, o Atlético também se inspira naquela campanha para bater novamente o rival. Está na sua memória as viradas sobre Corinthians e Flamengo, nas quartas e semifinais, quando perdeu o duelo de ida por 2 a 0 e ainda sofreu o primeiro gol nos confrontos de volta para depois triunfar por 4 a 1.

Visitante nesta quarta no Independência, o Cruzeiro entrará em campo com a classificação às semifinais encaminhada e ainda contando com a sua tradição copeira no torneio. Afinal, é o atual bicampeão da Copa do Brasil. E está prestes a avançar à quarta semifinal consecutiva.

Não à toa esse desempenho foi conquistado sob o comando de Mano Menezes, que iniciou no segundo semestre de 2016 a sua segunda passagem pelo clube. E tendo o sistema defensivo seguro como principal virtude para essas conquistas. Assim, podendo perder por até dois gols de diferença, precisará fazer apenas mais do mesmo.

Classificar à semifinal da Copa do Brasil também terá outro aspecto especial para o Cruzeiro, pois o time passou pelo rival em outro mata-mata nesta temporada, na decisão do Campeonato Mineiro, repetindo o que havia conseguido em 2018.

Além disso, a premiação milionária por passar de fase ganha mais importância em um cenário de crise financeira e administrativa no clube. E também há o aspecto técnico, com a possibilidade de vencer uma competição nacional em 2019, o que tem se tornado improvável no Campeonato Brasileiro, pela desvantagem de 17 pontos para o líder Palmeiras, com o clube ameaçado de rebaixamento.

Após surpreender com a escalação de Pedro Rocha no Mineirão, tendo êxito, Mano, que adotou uma estratégia diferente do utilizada pelo Atlético no fim de semana e não poupou os titulares no 0 a 0 com o Botafogo, deverá repetir a formação do primeiro confronto. A presença do atacante, inclusive, é importante para dar mais velocidade ao setor ofensivo, o que pode ser estratégico para a busca por incomodar a defesa atleticana em contra-ataques e sacramentar a classificação às semifinais da Copa do Brasil.

“A gente já é bem vacinado sobre tudo que envolve. Agora, se invertem os papéis: vai haver um número bastante grande de opiniões que dão favoritismo ao Cruzeiro, e a gente conhece futebol, sabe do potencial dos clubes, sabe sobre tudo que está envolvido, para não acreditar em favoritismo antes da hora”, alertou Mano.


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