Como será 2022? Teremos o processo eleitoral mais violento desde 1989. Isso é mais que uma previsão, é uma certeza. O cenário dos três anos de governo Bolsonaro aponta para uma eleição marcada não pela disputa de ideias, mas pela brutalidade, pela selvageria, pela bestialidade. Por um lado, porque Bolsonaro fomentou o ataque sistemático às instituições, aos valores consagrados na Constituição de 1988. Foram meses e meses de ameaças ao Estado democrático de Direito, culminando no trágico 7 de setembro de 2021. Por outro, porque o governo não tem nada a mostrar, nada realizou, não tem o que se chama popularmente de “vitrine”. Desta forma, só pode apostar na violência, na desqualificação pelo ódio dos adversários. Teremos, certamente, confrontos de rua, que vão servir, para o extremismo bolsonarista, como instrumentos de mobilização de suas bases e para justificar o discurso de hostilidade à democracia.

As bandeiras políticas de Bolsonaro são frágeis. Não tem consistência. Servem apenas para mobilizar sua militância e, especialmente, os robôs nas redes sociais, que espalham fake news como se fossem propostas de governo. A tendência é que como sinal de desespero frente ao derretimento eleitoral da sua candidatura, ele retome o ataque às urnas eletrônicas e aponte uma suposta fraude no sistema de apuração dos votos. Será um artifício para desviar a atenção do essencial: ele não vai chegar ao segundo turno pois será humilhado à 2 de outubro, quando da primeira consulta aos eleitores.

As bandeiras políticas de Bolsonaro são frágeis. Servem apenas para mobilizar sua militância e, especialmente, os robôs nas redes sociais

A tarefa de todos os democratas, independentemente dos matizes político-ideológicos, é de transformar o processo eleitoral em um palco de discussão dos grandes problemas nacionais. O Brasil não pode perder esta oportunidade histórica. Será o momento da apresentação de propostas para que o eleitorado livremente possa escolher um caminho. E para isso é necessário ampla discussão de ideias e não se perder em questões menores ou, muito menos, cair em provocação de extremistas que priorizaram temas absolutamente secundários e carregados de reacionarismo, como, por exemplo, ser ou não favorável a “banheiro trans.”

A segunda década desde século foi marcada por anos de recessão econômica. E, socialmente, o país deu um grande salto para trás. Hoje, mais da metade da população vive em insegurança alimentar, isto só para apresentar um dado. É tarefa urgente, urgentíssima, apontar soluções para que o Brasil volte a crescer e possa retomar – e vencer – os grandes problemas nacionais.