De mão estendida, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu socorro ao aliado Vladimir Putin, presidente da Rússia. Conseguiu, mas a um custo considerável. Por um punhado de dólares, por pouco o ditador não vendeu seu país inteiro. A situação financeira e social do vizinho latino-americano é dramática, resultado de uma derrocada iniciada nos governos do ditador Hugo Chavez (1954 – 2013), antecessor e ídolo de Maduro. Agora, só restou ao venezuelano apelar a Putin. O russo é um hábil estrategista para quem a Venezuela não significa nada além do que uma boa oportunidade de colocar uma pedrinha no sapato de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Os dois disputam zonas de influência em todas as partes do mundo. É assim entre os dois países desde o fim da Segunda Guerra. Mas, no caso da Venezuela, a pedrinha colocada por Putin no sapato de Trump é bem pequena mesmo. O americano dá cada vez menos atenção à América do Sul e ao país-problema que se tornou a Venezuela. Na semana passada, sem ter mais a quem apelar, Maduro foi à capital russa, Moscou, para vender o que ainda resta da única riqueza de seu país: petróleo. A Rússia ficou com partes importantes de cinco campos de petróleo venezuelanos e, de quebra, ganhou trinta anos da produção futura de dois campos de gás natural no Caribe. Além disso, a Venezuela deu 49,9% de controle da Citgo, subsidiária do país nos EUA que possui refinarias e oleodutos, para a estatal russa Rosneft.

ESPAÇO
Feliz 2019, Thule

Divulgação

Ao menos na exploração espacial, o mundo começou o ano com uma façanha magnífica. Às 3h33 do dia 1º de 2019, a sonda New Horizons, da Nasa, fez sua aproximação máxima do planeta anão Ultima Thule, o corpo do Sistema Solar mais distante da Terra a ser estudado. A sonda passou a cerca de 3,5 mil quilômetros do objeto, localizado a 6,6 bilhões de quilômetros de distância. Com a forma semelhante a de um amendoim, Ultima Thule é um dos planetas gelados contidos no cinturão de Kuiper, posicionado além da órbita de Netuno. Seu estudo interessa aos cientistas porque esses corpos são resquícios da formação do Sistema Solar e darão mais indicações de como tudo começou. Designado como 2014 MU69, o planeta recebeu o apelido Ultima Thule em referência à Thule, citado na geografia medieval como o ponto mais longínquo da Terra.

FINANÇAS
Aos 20 anos, euro está na balança

Ismailciydem

Ao ser lançado, em 1º de janeiro de 1999, o euro pretendia ser a moeda unificadora de uma Europa forte, estável e em crescimento. Hoje adotado por 19 dos 28 países da União Europeia, suas notas estampam pontes, vitrais e portais que remetem aos laços econômicos e culturais de seus integrantes. Pena que essas imagens esmaecem diante da falta de liderança, desconfiança com as instituições e desaceleração econômica. O resultado é o avanço dos discursos nacionalistas e intensos protestos contra cortes de gastos e novos impostos. Ainda que a situação seja delicada, analistas e políticos consideram que os ganhos – passados e futuros – compensam todo o esforço.

TRAGÉDIA
Quem lembra do Bateau Mouche?

Divulgação

Após 30 anos, o naufrágio do Bateau Mouche IV se tornou um dos mais emblemáticos casos de impunidade. Mediante recursos e anulações, nenhum dos 11 acusados pela morte de 55 pessoas na noite de 31 de dezembro de 1988 está na cadeia. A embarcação passara por reformas irregulares que comprometeram sua segurança. Mas a Capitania dos Portos do Rio autorizou o barco a navegar. Dois dos donos fugiram quando estavam em regime semiaberto. Suas penas prescreveram. As famílias das vítimas não receberam um centavo de indenização.

LIVROS
A melhor biografia de Ringo Starr

Scott Gries

Chega às livrarias do País “Ringo”, de Michael Seth Starr (editora Planeta, tradução de Laura Folgueira). É o melhor entre tudo o que já se escreveu sobre Ringo Starr, o ex-baterista dos “The Beatles”, hoje com 78 anos (sem parentesco com o autor, apesar do sobrenome). Quem gosta da banda é fã dos quatro músicos que despontaram nos anos 1960: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo. Mas entre eles a coisa era diferente: Ringo sempre foi menosprezado pelos colegas. O livro faz também um relato detalhado do caso amoroso entre a mulher do baterista e George Harrison. Em público, “The Beatles” eram irmãos. Nos bastidores eram guerra de egos.

SAÚDE
Hospitais públicos e as mortes por sepse
Estudo inédito do Instituto Latino Americano de Sepse: o índice de óbitos de pacientes com infecção generalizada internados em hospitais públicos é de 42,2%. Nos hospitais particulares essa taxa cai para 17,7%. Protocolo médico manda que todo enfermo com tal grau de infecção seja colocado em UTI. A recomendação, quando se trata da rede pública, é seguida só por 14,8% dos hospitais. O paciente permanece no setor de pronto-atendimento, o que implica patamar de mortalidade na casa dos 60%. Na rede privada, apenas 6,2% dos pacientes ficam no pronto-socorro. O estudo abrange todo o País.

42,2% é o índice de óbitos por sepse em hospitais da rede pública. Em hospitais particulares essa taxa cai para 17,7%

Apenas 14,8% dos hospitais públicos seguem o protocolo de transferir para UTI o paciente quando ele apresenta quadro de sepse