Um empate separa o Athletico-PR de seu primeiro troféu de Recopa Sul-Americana contra o River Plate, às 21h30 desta quinta-feira, em Buenos Aires. Entre a equipe treinada por Tiago Nunes e a taça, porém, há um clube que já tem 17 conquistas internacionais e jogará diante de 62 mil torcedores no Monumental de Nuñez, estádio que nunca viu a equipe da casa sair de campo derrotada em sete decisões disputadas por lá.

Diante de tamanho desafio, o time da Arena da Baixada tem a seu favor, na terceira final internacional de sua história (esteve nas decisões da Copa Libertadores em 2005 e da Sul-Americana em 2018), a vantagem do empate, uma vez que venceu a partida de ida, no último dia 22, por 1 a 0 em Curitiba. Um triunfo dos argentinos por dois ou mais gols de diferença define a conquista para a equipe da casa. Não há peso maior para os gols marcados fora de casa para efeito de desempate e qualquer triunfo dos mandantes por vantagem mínima leva a decisão da taça para a prorrogação. Se o resultado persistir, os pênaltis definirão o campeão.

O atual vencedor da Copa Sul-Americana também se apoia na boa atuação no confronto de ida, ocasião em que mostrou-se muito superior ao adversário e poderia até ter construído um placar mais elástico do que aquele proporcionado pelas boas atuações do lateral Renan Lodi, do volante Bruno Guimarães e do atacante Marco Ruben, que anotou o gol único do jogo, ainda no primeiro tempo.

“Temos feito um ano bom, competindo muito, jogando bem e conseguindo resultados expressivos”, destaca o zagueiro Paulo André, lembrando que há, sim, uma receita para não se intimidar diante de um oponente tão tradicional. “Em jogos decisivos, em geral, se você conseguir controlar as emoções, para não mudar o que te trouxe até aqui, as chances de vencer são maiores”.

Para o técnico Tiago Nunes, de 39 anos, o jogo representa a manutenção de uma ascensão profissional meteórica, uma vez que estreou no clube precisando tirar a equipe da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro de 2018. Hoje, já como campeão da Sul-Americana, ele chega ao jogo de volta de sua segunda final internacional em menos de seis meses com o status de umas grandes revelações da função no continente.

O discurso é cauteloso, mas calcado na confiança na coesão de sua equipe. “Se viajarmos à Argentina só para assegurar o que conseguimos na quarta-feira passada, sofreremos muito”, advertiu o treinador. “Sabemos que eles têm uma equipe muito forte fisicamente e temos que estar atentos a isso. Além disso, contarão com um estádio repleto e teremos que ser inteligentes, fazendo um jogo compacto”, aponta o comandante.

Em campo, Nunes poderá contar quase com a força máxima, repetindo a escalação que saiu vitoriosa do encontro de Curitiba. As exceções ficarão por conta do zagueiro Thiago Heleno e do volante Camacho, que seguem fora preventivamente por terem ingerido higenamina, uma substância proibida, e do meia Tomás Andrade, que pertence ao River e, caso fosse escalado, custaria aos paranaenses R$ 4 milhões de multa.

No lado da equipe da capital argentina, o treinador Marcelo Gallardo, de 43 anos, embora ostente o retrospecto impressionante de seis taças pela equipe desde 2014 – a última, foi a sua segunda Libertadores em quatro anos, diante do maior rival, Boca Juniors, em Madri -, não costuma se sair bem no confronto contra brasileiros. Até o momento, em 15 jogos diante de times do país vizinho, foram seis derrotas, com seis empates e apenas três vitórias, único resultado que interessa aos donos da casa contra o Athletico-PR. O técnico, entretanto, acredita em uma nova história no embate desta quinta-feira. “Creio que será uma partida totalmente distinta, diferente, não somente porque temos a necessidade, mas porque acreditamos que não fizemos um bom jogo no Brasil”, reconheceu.

Para a partida, Gallardo não contará com o lateral-esquerdo Milton Casco, expulso no confronto de Curitiba, além do meia colombiano Quintero e o do atacante Scocco, lesionados. Ainda que não adiante as possíveis mudanças que fará na equipe, o treinador já adiantou que deve utilizar o experiente Leonado Ponzio, ídolo do clube, de 37 anos, que detém o recorde de 13 taças levantadas pela equipe de Buenos Aires.