O maior problema de uma eleição presidencial entre duas figuras muito populares – além de populistas – é ofuscar as outras escolhas que o eleitor tem de fazer. No caso do pleito de 2022, estamos falando das votações para o Congresso, assembleias estaduais e governo do Estado. Pensamos e falamos tanto sobre o confronto Lula e Bolsonaro que esquecemos como essas outras decisões são importantes para o País.

Eleger bons senadores, além de deputados federais e estaduais, é a única forma de salvar a democracia brasileira. É a mesma coisa com os governos de Estado – e é aí que vejo um grande risco em São Paulo.

Se a eleição correr seu rumo normal, previsto até o momento pelos institutos sérios de pesquisas, o Brasil deverá se livrar do presidente Jair Bolsonaro em outubro. Essa derrota, no entanto, será bastante amenizada se o candidato Tarcísio de Freitas passar para o Segundo Turno em São Paulo.

Acredito que o melhor para São Paulo seria uma disputa entre Rodrigo Garcia e Fernando Haddad, não porque acho os dois as melhores opções para São Paulo, mas porque não correríamos risco de ver o estado mais importante do Brasil acolhendo os perdedores que viriam do governo federal.

Imagine o pesadelo: Bolsonaro perde a eleição presidencial e Tarcísio vence. Toda a equipe do presidente viria correndo atrás das boquinhas no secretariado paulista. Imagine o próprio Jair Bolsonaro ganhando um carguinho aqui para continuar na ativa? Ou filhos Zero Um, Zero Dois ou Zero Três ocupando uma secretaria? Ou quem sabe um dos membros “técnicos” do governo? Corremos o risco até de ter de engolir o Centrão apontando nomes…

Na eleição de 2022, a população brasileira tem a obrigação de votar contra candidatos do bolsonarismo em todo o País – o voto útil, nesse caso, tem um único objetivo: salvar a democracia.