Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Por que sobrinho de Bolsonaro só foi denunciado bem depois de outros do 8 de Janeiro

PF concluiu relatório sobre Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, em maio de 2024, mas PGR pediu novas diligências

PGR denuncia Léo Índio, primo dos Bolsonaros, por tentativa de golpe de Estado
Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou na semana passada a denúncia contra Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, por sua suposta participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Causou estranheza entre quem acompanha os processos do 8 de Janeiro por que só agora o sobrinho de Bolsonaro foi denunciado, tão depois dos demais investigados por invadir e depredar as sedes dos Três Poderes, na tentativa de criar uma situação de caos para um golpe militar.

O caso envolvendo Léo Índio começou a ser investigado pela Polícia Federal ainda em 2023 e foi concluído em 15 de maio de 2024 pelo Grupo de Inquéritos dos Atos Antidemocráticos, com a elaboração do relatório final. A conclusão só foi possível após a análise do celular dele, finalizada em 5 de maio de 2024. Depois disso, a PGR solicitou diligências complementares, que foram realizadas antes do envio do processo ao STF. O relatório que embasou a denúncia foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 16 de outubro de 2024. Portanto, a demora maior foi decorrente do pedido de novas diligências.

Léo Índio, primo dos filhos de Jair Bolsonaro, é apontado pela PF como uma figura ressentida e distanciada do clã Bolsonaro. Em mensagens analisadas no celular apreendido, ele demonstra sentimento de abandono e afirma ter sido “deixado de fora de tudo” pelos primos. “Infere-se dos diálogos uma espécie de ressentimento por parte do investigado em relação aos seus primos – filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro – notadamente quando sugere falta de reconhecimento por parte do clã Bolsonaro”, destaca o relatório final da PF.

Além disso, o documento aponta um afastamento de Léo Índio em relação aos familiares, com mágoas expressas por não se sentir valorizado pelo trabalho realizado durante o governo anterior. Embora não ocupasse um cargo formal, ele frequentava o Palácio do Planalto na gestão de Bolsonaro.

Léo Índio foi alvo da Polícia Federal em duas operações no âmbito da Lesa Pátria, voltada a investigar envolvidos nos atos golpistas de janeiro. A denúncia da PGR se baseia nas evidências levantadas durante a apuração da PF e agora aguarda apreciação pelo STF.

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