Por que a indicação de Rubinho à presidência da Câmara de SP desagrada Ricardo Nunes

Vereador do União Brasil apoiou Pablo Marçal (PRTB) nas eleições de 2024

Rubinho Nunes, vereador do União Brasil, e Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo
Rubinho Nunes, vereador do União Brasil, e Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo Foto: Montagem/IstoÉ

O União Brasil indicou Rubinho Nunes para disputar a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. No início da legislatura, o partido fechou um acordo para chefiar o Legislativo municipal até o fim do mandato de Ricardo Nunes (MDB), em 2028.

Mas a escolha de um desafeto do prefeito desafia o acordo e distancia a indicação de ser meramente cerimonial para a definição da sucessão de Ricardo Teixeira (União Brasil), aliado e preferido do emedebista para a reeleição.

Quem é Rubinho Nunes

O parlamentar despontou na política em 2013, quando se engajou em um contexto histórico de mobilização popular da classe média e da direita em reação aos escândalos de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato e em oposição ao sistema político.

Na época, se aliou a Renan Santos (Missão) na criação do movimento Renova Vinhedo, no interior de São Paulo. O grupo foi uma espécie de “embrião” do MBL (Movimento Brasil Livre), pelo qual Rubinho Nunes ganhou visibilidade em protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), que ocorreu em 2016.

Ainda no grupo, Nunes se elegeu vereador em 2020, pelo Patriota — partido nanico que se fundiu ao PTB para formar o PRD. Ao longo do mandato, deixou tanto a sigla quanto o MBL e se aproximou dos caciques do Legislativo paulistano, em especial Milton Leite (União Brasil), ex-presidente desta mesma Câmara e uma das figuras mais poderosas da política local. Chefiou comissões relevantes e encampou uma agenda contrária a parcerias do poder público municipal com ONGs (Organizações Não Governamentais).

Desafeto conhecido

Nas eleições de 2024 na capital paulista, o União Brasil flertou com candidatura própria e negociou pela vice do prefeito, candidato à reeleição. No fim das contas, fechou um acordo para apoiar o emedebista e incluiu, como contrapartida, o acordo para chefiar a Câmara ao longo do mandato, em sistema de rodízio de parlamentares.

Em sua própria empreitada pela reeleição, Rubinho abandonou a campanha do prefeito para apoiar Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar na disputa. O vereador sofreu retaliações do próprio partido, viu um aliado perder uma subprefeitura e, ainda assim, não recuou do apoio ao ex-coach, marcando presença na campanha de rua e nas coletivas de imprensa. Ao se reeleger, prometeu “colocar em pauta os projetos do Pablo” na Câmara.

A campanha terminou, mas a ruptura não. Mesmo citado como um dos favoritos de Milton Leite para presidir a Casa, não teve apoio na base do emedebista e foi preterido em relação a Teixeira, que acabou eleito. Passado o mandato do correligionário, Rubinho conquistou apoio interno desafia novamente a aliança do prefeito em busca da cadeira.