As aparições públicas e discursos críticos do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama a Donald Trump, atual ocupante da Casa Branca, reacenderam comentários a respeito da possibilidade de que os dois se enfrentem nas eleições de 2028.
Após um período de afastamento das atividades do partido Democrata, Obama participou nas últimas semanas de campanhas nas eleições regionais americanas e retomou o papel de principal liderança da oposição.
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Em comício no estado da Virginia, o ex-presidente afirmou que Trump “colocou a Guarda Nacional em cidades americanas para combater uma onda de crime inexistente”, criticou a política anti-imigratória do governo e comparou a situação nos EUA a um “Halloween em que não há doces, apenas travessuras”. A oposição teve boas notícias com a eleição de Zohran Mandani para a prefeitura de Nova York.
Já Trump tem flertado com a ideia da reeleição e exibiu bonés com a estampa “Trump 2028” em reunião com líderes democratas — os itens são comercializados por US$ 50 na loja oficial de suas empresas (veja abaixo). “Estou com os melhores índices de aprovação da minha vida”, afirmou recentemente.

Diante da ausência de lideranças democratas com projeção nacional — em 2024, a ex-vice-presidente Kamala Harris foi derrotada após a desistência de Joe Biden –, o próprio republicano já disse que “adoraria” enfrentar Obama em uma campanha eleitoral.
Obama e Trump não têm direito a novo mandato; entenda
De acordo com a 22ª Emenda à Constituição dos EUA, de 1951, um presidente pode ser eleito por, no máximo, dois mandatos, sejam seguidos ou não.
De volta ao poder desde janeiro, Trump já governou o país entre 2017 e 2021, e não poderá concorrer ao cargo no Executivo novamente. Já Obama foi presidente por dois mandatos — entre 2009 e 2012 e novamente de 2013 a 2016.
No Brasil, a regra é diferente. Um mandatário pode ser reeleito por um único período subsequente, mas não há restrição a uma nova eleição, desde que não seja consecutiva. O exemplo mais conhecido é o de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que presidiu o país por oito anos, de 2003 a 2010, e está no poder novamente desde janeiro de 2023.

Trump e Lula em reunião: brasileiro está no seu terceiro mandato presidencial, como deseja o americano
Antes da 22ª Emenda à Constituição dos EUA, havia uma tradição – estabelecida por George Washington em 1796, quando se retirou da disputa para um terceiro mandato para que não tivesse a “autoridade de um rei”. Desde então, os presidentes eleitos em segundo mandato costumeiramente não concorriam em um terceiro pleito seguido.
O único a quebrar a tradição foi Franklin Delano Roosevelt. Com a popularidade elevada após a Grande Depressão, conseguiu governar os EUA por quatro mandatos. Foi esse fato que levou os políticos americanos a elaborarem a 22ª Emenda, argumentando que uma gestão de tanto tempo representaria um risco à democracia.
Conhecido por apreço reduzido aos ritos institucionais, Trump chegou a levantar a hipótese de uma alteração na regra da reeleição. “Há toda uma história sobre concorrer a um terceiro mandato. Eu não sei. Nunca me debrucei sobre o assunto. Dizem que há uma maneira de o fazer, mas eu não sei, mas não investiguei”, disse em abril.