A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de 2025 ocorre entre os dias 22 e 26 de setembro, completando 80 anos de história neste ano. Apesar de ser realizado em Nova York, nos Estados Unidos, o encontro criou uma tradição peculiar: o Brasil é sempre o primeiro país a discursar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou à América do Norte acompanhado de uma comitiva e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O petista discursará na abertura do Debate Geral, pela manhã desta terça-feira, 23.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e a presidente da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock, terão falas de introdução, que logo darão espaço para as declarações dos estados-membros. Atualmente, 193 delegações integram a Assembleia, com adicional de membros observadores.
+ Futuro dos palestinos dominará Assembleia Geral da ONU
+ Forças de paz da ONU poderiam garantir cessar-fogo na Ucrânia?
Por que o Brasil é sempre o primeiro a discursar?
Existem diversas teses para explicar por que o Brasil é o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU desde 1949. A teoria mais aceita é de que a origem dessa prática não está baseada em nenhum regulamento formal, mas em tradição e reconhecimento diplomático.
Nos primeiros anos de funcionamento da organização, poucos países se dispunham a abrir os debates, uma atribuição considerada politicamente delicada. O Brasil, com imagem internacional conciliadora, voluntariou-se repetidamente para a tarefa. Com o tempo, essa disposição foi sendo institucionalizada de forma informal, consolidando o País como o primeiro a falar.
“Nos primórdios, quando ninguém queria ser o primeiro a falar, o Brasil sempre se oferecia para ser o primeiro. E assim eles garantiram o direito de serem os primeiros a discursar”, explicou o então chefe do protocolo das Nações Unidas, Desmond Parker, em 2010.
Outra hipótese diz que, no contexto de Guerra Fria, o Brasil era considerado um país “neutro” – não alinhado aos Estados Unidos nem à União Soviética – e por isso priorizado na hora de abrir a reunião.
Há ainda uma tese de que a ordem funcionaria como uma espécie de “prêmio de consolação” ao País, que não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Apesar disso, o Brasil sempre buscou atuação em fóruns internacionais – incluindo envolvimento em temas como direitos humanos, desenvolvimento sustentável e paz mundial.
Logo após o discurso brasileiro, é a vez dos Estados Unidos, país-sede da ONU, ocupar a tribuna, seguindo a ordem que se mantém há décadas.
Exceções
- 1983 – nessa sessão, o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, falou antes do representante brasileiro.
- 1984 – mesmo caso: Reagan abriu o debate geral, com o Brasil falando em seguida.