Analistas políticos de todo o mundo voltaram os seus olhos, ao longo da semana passada, para o Zimbábue. Por que tanto interesse em relação ao pequeno país africano, com área de 392 quilômetros quadrados (as dimensões do Maranhão) e população de 16,5 milhões de habitantes? É que pela primeira vez, desde 1980, quando o Zimbábue tornou-se independente do Reino Unido, nele foram realizadas eleições para a Presidência da República sem a presença do ditador Robert Mugabe. Até até quinta-feira 2, previa-se segundo turno, embora tanto a oposição quanto a situação já se proclamassem vencedoras e acusassem, uma à outra, de fraude nas urnas – fato que causou confrontos armados com mortos nas ruas de Harare (a divulgação oficial do resultado estava marcada para o final da semana). Pela situação, candidatou-se à reeleição o atual presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, 75 anos, que ao longo de décadas foi o fiel escudeiro do ditador Robert Mugabe – até que o derrubou, em novembro de 2017, com um golpe palaciano. O apelido de Mnangagwa é “crocodilo”, e isso diz tudo sobre ele. É o continuísmo de Mugabe, que jogou o país no baixo IDH de 0,516 e no alto desemprego de 85%. Seu oponente direto, que, além de comandar a oposição, desponta como nova liderança em todo o continente africano, chama-se Nelson Chamisa, 40 anos, que promete a democratização. Chamisa é oxigênio para o asfixiado Zimbábue e, vencendo ou não, seguirá em sua luta para que a “África seja socialmente menos desigual”. Observadores internacionais foram aceitos no país como fiscais da apuração. Se Chamisa ganhar, o continente respira.

MINISTÉRIO PÚBLICO
Reabertura do caso Herzog não punirá ninguém

Divulgação

O Ministério Público Federal, em São Paulo, reabriu as investigações sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog – morreu em 1975, sob tortura, no DOI-Codi, um dos órgãos repressores da ditadura militar. A iniciativa do MPF decorre da condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em 1992, ISTOÉ revelou com exclusividade o agente (hoje já falecido) que torturou Herzog. Na época, o Tribunal de Justiça arquivou o caso, baseando-se no princípio da conexidade da Lei da Anistia (1979): ela perdoa os crimes (inclusive os de sangue) cometidos pelos que se opuseram à ditadura e também os paticados pelos torturadores. O MPF quer que o STF reavalie essa questão.

PREMIAÇÃO
O matemático não sabia que, ser furtado no Rio de Janeiro, é tão certo como 2 + 2 = 4


Criado há 121 anos, o Congresso Internacional de Matemática aconteceu pela primeira vez no Hemisfério Sul na quarta-feira 1 – mais precisamente, no Brasil; mais precisamente ainda, no Rio de Janeiro. No evento se outorga, desde 1936, a Medalha Fields (considerada o Nobel nessa área de conhecimento), e esse ano o ganhador foi o iraniano (naturalizado britânico) Caucher Birkar. A certa altura do evento, realizado no Riocentro, ele deixou sobre uma mesa, como qualquer pessoa de boa índole deixaria, a sua pasta com a medalha e o celular. Quando se deu conta, adeus medalha (vale R$ 16 mil) e adeus telefone – foram furtados, e a pasta foi encontrada sob a mesa. Na quinta-feira 2, a polícia ainda investigava o caso. Birkar é um gênio dos números, mas não se ateve às estatísticas. E não sabia que, no Rio de Janeiro, ser furtado é tão certo como 2 + 2 = 4.

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SOCIEDADE
Compre um bom livro, e ajude uma boa causa

Alex Silva/Ae

Abordando histórias de mulheres pernambucanas bem-sucedidas nas mais diversas atividades, o livro “Sucesso – O que Elas Pensam”, de Eduarda e Camila Haeckel, será lançado na quarta-feira 8, às sete horas da noite, no Teatro Riomar, em Recife. O evento é promovido pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), uma das mais tradicionais e atuantes instituições – foi fundada em São Paulo, em 1950, pelo ortopedista Renato da Costa Bonfim, e hoje realiza anualmente 900 mil atendimentos em todo o País (gratuitos ou por preços populares). No lançamento do livro haverá palestras e sorteios de joias e passagens aéreas. Parte da renda do evento será revertida à própria AACD e outras três entidades.

HISTÓRIA
Joaquim Nabuco volta a Recife

Divulgação

Para entender, no Brasil do século 21, a ausência de democracia social e racial, é imprescindível conhecer o pensamento político do abolicionista Joaquim Nabuco: já no século 19, a partir da estrutura escravocrata, ele predizia a duradoura cicatriz da desigualdade que marcaria o País. Cerca de seis mil cartas pessoais, nas quais Nabuco explicitou suas ideias, estão sendo agora doadas por seus herdeiros ao Centro de Documentação e de Estudos de História Brasileira, em Recife (cidade na qual nasceu). “Um verdadeiro tesouro cultural”, diz a historiadora Rita de Cássia Barbosa, coordenadora do centro. Entre os itens há cartas ao imperador Pedro II,ao ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt e ao escritor Machado de Assis.

 


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