Por que dono de ‘império de pães’ desistiu de presidir o Grêmio ao gastar R$ 130 mi em estádio?

O empresário Marcelo Marques desistiu de concorrer à presidência do Grêmio. Ele já era tido como vencedor do pleito, que dever ocorrer em novembro, após ter comprado a Arena do Grêmio por R$ 130 milhões e prometido doar o estádio ao clube.

O movimento feito em julho repercutiu diretamente na disputa. Paulo Caleffi, ex-vice-presidente de futebol do Grêmio, também era pré-candidato, mas retirou a intenção de concorrer após o anúncio da compra do estádio.

“Nesta semana, entrou a política. Não é por causa da política, ela está certa e existe. Sempre vai existir e nos trouxe até aqui. Mas, realmente, por todo o peso e a questão política, não vou me adaptar”, anunciou Marques em participação no programa “Sala de Redação”, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira.

“É uma decisão irreversível. Venho pensando. ‘Vamos encarar’, mas quando chegou a parte política, não é para mim”, concluiu o empresário.

A política gremista não tem histórico de disputas polarizadas. Entretanto, há quadros que mantêm presença constante nos debates do clube. Segundo apurou o Estadão, este seria um do descontentamento de Marques, que pensou ser possível trabalhar no sentido de renovação.

Havia a expectativa de que Marques investisse no elenco gremista quando fosse o mandatário do clube. Além da compra da Arena, ele já havia disponibilizado recursos para a contratação de um “nome incontestável” para reforçar o time nesta janela.

O jogador pretendido era Róger Guedes, do Al-Rayyan, do Catar. As negociações se arrastaram. A oferta inicial era de 10 milhões de euros (R$ 65 milhões) e chegou a ser dobrada, mas não foi o suficiente para tirar o atacante ex-Corinthians e Palmeiras do clube catari.

“Será que vou ter condições de cuidar de tudo? Será que o certo não é eu ficar ajudando, como o Celso Rigo (outro empresário) ajuda o clube?”, disse Marques, deixando aberta a possibilidade de empréstimos ao Grêmio.

O empresário indiciou apoio a Antônio Dutra Júnior, vice-presidente do clube entre 2015 e 2016. Paulo Caleffi ainda não oficializou a retomada da candidatura, mas avalia a situação. Dênis Abrahão, Gladimir Chiele e Sergio Canozzi haviam se mantido no pleito.

Em setembro, ocorre a votação para renovação do Conselho Deliberativo. Já em novembro, os conselheiros votam para a gestão da presidência. No fim do último mês do ano, há a votação dos sócios.

Marques apareceu como possível presidente após ganhar notoriedade por ser o sócio e fundador da Marquespan, panificadora gaúcha. Ele fundou, em 1999, junto do irmão Claudiomar Marques, uma pequena fábrica que fornecia pães para mercearias em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre.

A Marquespan escalou gradativamente. Em 2013, foi inaugurada uma segunda fábrica, em Tatuí, a cerca de 150 km da capital paulista. Pouco mais de uma década depois, em 2022, o negócio chegou a seis unidades fabris, estabelecendo-se também no Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

A companhia aponta a capacidade de produzir 20 milhões de pães por dia. O número faz com que a empresa afirme ser a maior fabricante de pão francês do mundo. É informado, ainda, que são atendidos 20 mil clientes no Brasil.