Quatro vezes candidato à Presidência da República, Ciro Gomes negocia uma mudança do PDT para o PSDB. A informação foi revelada pela revista Carta Capital e confirmada à IstoÉ pelo diretório nacional tucano.
As voltas de Ciro
Quem conduz as conversas é Tasso Jereissati, principal liderança do PSDB no Ceará e antecessor do próprio Ciro no governo do estado, ocupado pelo ex-presidenciável entre 1991 e 1994, em sua primeira passagem pelo tucanato. Ele ainda foi ministro da Fazenda no final do governo Itamar Franco (PRN) antes de desembarcar da sigla, em 1997.
De lá para cá, passou por PPS (atual Cidadania), PSB e Pros (legenda absorvida pelo Solidariedade) até chegar ao PDT, onde está desde 2015. No período, criticou ex-colegas de partido e migrou para a oposição estadual ao grupo de Jereissati, ao lado do irmão, o senador Ciro Gomes (PSB), consolidando uma parceria de 16 anos com o PT.
Desde que ficou em quarto lugar nas eleições presidenciais de 2022, no entanto, Ciro se lançou na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e às gestões petistas no Ceará, o que provocou uma ruptura com o PDT, que chefia o Ministério da Previdência e integra a base governista no Congresso.
O movimento se aguçou após o ex-ministro romper com o próprio irmão e se aproximar da direita no estado. Recentemente, Ciro foi elogiado pelo deputado André Fernandes (PL), principal aliado local de Jair Bolsonaro (PL), e passou a ser cogitado para enfrentar o governador Elmano de Freitas (PT) nas urnas em 2026, com apoio da direita.
O PSDB, vale lembrar, seguiu na oposição a Lula e se aliou a Fernandes no segundo turno das eleições de 2024, quando o parlamentar foi derrotado por Evandro Leitão (PT), aliado de Cid, pela prefeitura de Fortaleza.
Rota acidentada
O provável retorno ao ninho, no entanto, não é movido só pelos planos do ex-presidenciável. O PSDB teve seu pior desempenho da história nas eleições de 2022, vive a ameaça de perder acesso ao fundo eleitoral no próximo pleito, não conseguiu se federar ao Podemos e perdeu dois governadores para o PSD (Raquel Lyra, de Pernambuco, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul).
A expectativa é de recuperar parte do terreno com Ciro. A IstoÉ questionou a assessoria do político a respeito da negociação, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto à manifestação.