Além de deixar o mundo apreensivo com a eclosão de uma nova grande guerra, a ameaça dos russos invadirem a Ucrânia serviu para trazer à tona o novo ordenamento mundial e a atual divisão geopolítica. A Rússia está se aliando à China para acabar de vez com essa história de que os Estados Unidos são o grande xerife do Planeta e que passa por eles a solução de conflitos.

Ciente de que agora tem uma força desafiadora à hegemonia dos americanos, após o longo período da guerra fria, o presidente Joe Biden está mexendo no tabuleiro do jogo do poder universal e concluiu que precisa deter o avanço dos “exércitos vermelhos” pelo mundo afora. Uma das revisões dessas estratégias dos EUA vale para a Europa, mas também para a América Latina. Principalmente porque essa região faz divisa com seu território.

A Biden não interessa que o continente americano fique pintado de “vermelho”, cor da Rússia e da China, duas das maiores potências econômicas e militares. Os testes nucleares feitos por Putin no último final de semana perto da Ucrânia deram uma pequena demonstração do que pode significar uma nova guerra. E, hoje, a América Latina está mais próxima da China/Rússia do que nunca.

Vários países já são mais “vermelhos” do que “azuis”, a cor dos EUA, como é o caso de Fernández, da Argentina; de Boric, no Chile; de Obrador, no México; de Maduro, na Venezuela; ou Ortega, Nicarágua. Isso só para citar apenas alguns nomes, mas tem muito mais gente da esquerda do que da centro-direita na região.

Os EUA desejam que a esquerda não cresça ainda mais, sobretudo no Brasil

Biden não quer que o núcleo da esquerda cresça ainda mais, sobretudo no Brasil, onde Lula tem chances reais de conseguir um novo mandato. Afinal, o PT nunca escondeu sua predileção por se aliar à Rússia e China, ou a Maduro e Obrador, ou a Fernándes e Boric. O presidente americano, portanto, torce para Lula não vencer no Brasil.

Principalmente porque o PT é assíduo frequentador de eventos na Venezuela em apoio à ditadura bolivariana, que os americanos tantas vezes tentaram aniquilar, sem sucesso.

Nessa toada, aos EUA não interessam Lula eleito no Brasil, embora também façam ressalvas à reeleição de Bolsonaro, que, além de ter ido prestar vassalagem a Putin, também é um incontido pária internacional, especialmente por sua política destruidora da Amazônia. Sem contar que o capitão é alma gêmea de Trump, seu inimigo interno. O que Biden espera, no fundo, é que não se elejam nem Lula e nem Bolsonaro, anseio, aliás, de pelo menos metade da população brasileira, cansada de ser governada por extremistas que dividem o País com o mesmo populismo tacanho, ora de esquerda, ora de direita.