As redes sociais foram o combustível para as revoluções no mundo árabe; sem elas, a Tunísia e demais países da região jamais teriam desafiado seus regimes opressores. O resultado da “Primavera Árabe” não foi o esperado por essa turma mais otimista, conforme conservadores alertaram, mas vale lembrar da narrativa da época: os “especialistas” estavam encantados com o poder da internet em prol da democracia. O mesmo quando Obama foi eleito. O “primeiro presidente negro” americano tinha usado as redes sociais para marketing de uma forma nunca antes vista, e inúmeros jornalistas destacavam a importância desse novo instrumento para as conquistas progressistas e o avanço das minorias. O Facebook e o Twitter eram, então, os queridinhos da esquerda.

Mas veio Trump, o Brexit, e eis que, agora, a narrativa se volta contra essas redes sociais, ou ao menos seu “mau uso”. Acadêmicos falam da era da “pós-verdade”, como se antes os políticos falassem a verdade, como se Obama fosse um sujeito sério com promessas embasadas, e não um populista com inclinação socialista. Agora a obsessão é com as “Fake News”. Os mesmos Facebook e Twitter passaram a representar grandes ameaças à democracia. O que mudou?

Fazer essa pergunta é fundamental para compreender o modus operandi da esquerda. As redes sociais, assim como a televisão ou a própria democracia, são instrumentos. Por trás delas temos pessoas, indivíduos. A tática esquerdista consiste em enaltecer ou demonizar os meios dependendo dos fins, dos resultados.

O próprio povo, como abstração, torna-se merecedor dos mais efusivos elogios ou então dos mais terríveis rótulos dependendo de suas escolhas. Pode ser esclarecido, quando vence um esquerdista, ou alienado e “fascista”, quando há derrota de socialistas. O populista não é aquele que promete coisas irreais, segrega com base no tribalismo do “nós contra eles” ou oferece soluções mágicas simplistas; é sempre o “outro”, quando popular. O Twitter de Trump enlouquece esse pessoal, o mesmo que, pouco antes, festejava o engajamento de Obama nas redes sociais, interagindo com os jovens. De olho no efeito político da internet, o establishment nacional se une para impedir fenômeno similar no Brasil. Daí surgem as agências de “checagem de fatos”, no pior estilo orwelliano, criando o Ministério da Verdade em parceria com as próprias redes sociais e incentivo da mídia. E eis que Sakamoto, um sujeito de extrema esquerda, vai nos dizer o que é mentira e o que é verdade. É mole?

O que isso tudo desnuda, uma vez mais, é a hipocrisia dessa patota que fala em nome do povo e da democracia, mas só da boca para fora. Parafraseando Henry Ford, o povo pode escolher qualquer ideologia, desde que seja vermelha.

Antes queridinhos da esquerda, Facebook e Twitter passaram a representar grandes ameaças à democracia. O que mudou?