Cercados por problemas financeiros em decorrência da pandemia do novo coronavírus, que já dura um ano, os clubes de futebol iniciaram a temporada atrás de receitas. Nesse contexto, as competições que premiam por fase e os campeonatos regionais são um grande atrativo no primeiro semestre. Portanto, a suspensão desses torneios não está nos planos dos dirigentes esportivos. É por isso, aliás, que no pior cenário da luta contra a covid-19 há tanta insistência para que a bola role ou, no caso de algumas regiões, como São Paulo, para que volte a rolar imediatamente. Os clubes estão preocupados com o dinheiro no caixa.

Desta forma, o Estadão destaca quanto cada competição vigente premia por etapa jogada. Isso sem contar o dinheiro que vem de outras fontes, como venda de produtos e transmissão das partidas e streamings. Os valores que podem ser angariados pelas equipes que disputam a primeira divisão do Campeonato Paulista, suspenso pelo Governo de São Paulo, também serão destacados. Os grandes recebem perto de R$ 30 mil, em parcelas, por exemplo.

COPA LIBERTADORES – Na Libertadores, os times participantes ganham por jogo feito como mandante. E já na começa na pré-Libertadores. Na segunda fase preliminar, em que o Santos joga, por exemplo, os clubes recebem US$ 500 mil (R$ 2,7 milhões), enquanto que na terceira, antes da fase de grupos, eles embolsam US$ 550 mil (R$ 3 milhões). A concepção geral é que nenhum presidente pode abrir mão desses valores no momento. Na fase de grupos, cada jogo como mandante vale US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões).

A Copa Libertadores, no entanto, obriga os elencos a pegarem avião, se hospedarem em hotéis, andarem de ônibus, enfrentarem aeroportos e se alimentarem fora de casa. Tudo isso é risco no combate à covid-19. O Brasil tem apresentado, em média, 85 mil pessoas contaminadas por dia. A Ponte Preta, depois do Corinthians, informou um surto da doença em seu elenco e comissão técnica. Nem o presidente escapou.

Na etapa de mata-mata, os valores da Libertadores voltam a ser progressivos. Os classificados para as oitavas de final recebem US$ 1,05 milhão (R$ 5,8 milhões), nas quartas eles ganham US$ 1,5 milhão (R$ 8,3 milhões) e nas semifinais, US$ 2 milhões (R$ 11 milhões). O campeão garante US$ 15 milhões (R$ 83,2 milhões), enquanto o vice fica com US$ 6 milhões (R$ 33,2 milhões). Geralmente essas cotas são pagas em duas ou três semanas após sua realização.

COPA DO BRASIL – O prêmio dado ao campeão da Copa do Brasil varia conforme o Ranking Nacional de Clubes da CBF. Três grupos são formados com base na classificação. Na primeira fase, os integrantes do “Grupo 1”, que são os 15 times mais bem posicionados, recebem R$ 1,15 milhão. Já as equipes do “Grupo 2”, recebem cota de R$ 990 mil, enquanto os 58 clubes pertencentes ao “Grupo 3” embolsam cada R$ 560 mil. Para times menores, cuja folha de pagamento é baixa, o dinheiro salva a temporada.

Na segunda fase da disputa nacional, ocorre a mesma dinâmica. “Grupo 1” recebe R$ 1,35 milhão, “Grupo 2”, R$ 1,07 milhão, e “Grupo 3” ganha R$ 675 mil. A Copa do Brasil vai afunilando com seus jogos eliminatórios desde o início. Metade dos times vai ficando pelo caminho. Na terceira etapa, a premiação passa a ser igualitária e todos recebem R$ 1,7 milhão. Nos mata-matas, começa a progressão por desempenho. Nas oitavas de final, os clubes recebem R$ 2,7 milhões; nas quartas, R$ 3,45 milhões; e nas semifinais, R$ 7,3 milhões. Quem chegou até aqui, já salvou o ano, como aconteceu com Palmeiras e Grêmio em 2020. O campeão recebe R$ 56 milhões, enquanto o vice fica com R$ 23 milhões.

COPA DO NORDESTE – Assim como na Copa do Brasil, o prêmio dado ao vencedor da Copa do Nordeste varia conforme o Ranking Nacional de Clubes da CBF. A dinâmica é bem parecida. Na fase de grupos, em vez da distribuição de uma cota fixa, é repassado para as equipes um valor pré-determinado mediante a classificação na tabela da entidade.

Este ano, Bahia, Sport, Vitória e Ceará recebem R$ 1,9 milhão. Fortaleza, CSA, CRB e Santa Cruz vão ganhar R$ 1,4 milhão. ABC, Confiança, Botafogo-PB e Sampaio Corrêa, por sua vez, colocam no cofre R$ 1,2 milhão. Por fim, Altos, Treze, 4 de Julho e Salgueiro ganham, cada um, R$ 640 mil. Na etapa seguinte, de mata-mata, o valor é distribuído por desempenho. Nas quartas de final, cada time recebe R$ 300 mil, já nas semifinais, o cachê é de R$ 350 mil. O segundo colocado fica com R$ 500 mil de premiação, enquanto o campeão levar para casa mais R$ 1 milhão.

PAULISTÃO – Diferentemente das demais competições já apresentadas, o Campeonato Paulista premia os clubes participantes da Série A1 pelo desempenho geral, mais as cotas da televisão, pouco acessíveis no restante da temporada para clubes menores. “As equipes dependem do andamento do Estadual, senão ficamos sem receber as cotas de televisão. No nosso caso, deixaríamos de receber R$ 2 milhões”, disse o presidente do São Bento, Almir Laurindo, um dos dirigentes que votaram em levar o futebol estadual para a Justiça – votaram com o time de Sorocaba São Paulo, Guarani, Ituano, Inter de Limeira, Mirassol e Novorizontino.

O campeão do Estadual recebe R$ 5 milhões. O vice fica com R$ R$ 1,650 milhão e o terceiro colocado, R$ 1,080 milhão. Quem também se beneficia é o campeão do interior, que recebe mais R$ 360 mil. “Nenhum prejuízo é maior para nós do que ter o Campeonato Paulista interrompido”, afirmou o presidente do Santo André, Sidney Riquetto.