Ai, ai… Lá vou eu recorrer à uma música, mas fazer o que, se sou movido a sexo, drogas (no caso, o Atlético, o Galo, que dá no mesmo) e rock and roll? “Quem sou eu e quem é você? Nessa história, eu não sei dizer. Mas eu acredito que ninguém tenha vindo pro mundo a passeio. De onde se vem, pra onde se vai? Só importa saber pra quê.” (Rock Estrela, Leo Jaime).

Heitor, O Grande, filho de Príamo, rei de Tróia, e de Hécuba, era o comandante das tropas troianas na guerra contra os Gregos. Mortal na carne, imortal na fama, deixou legado sob a forma de milhões de homônimos, daí o grande Heitor, meu colega nesta IstoÉ, que leva até vocês, leitores queridos, leitoras queridas, as elucubrações que escrevo quase diariamente.

BOLSONARISMO

Um coice recente de um leitor chamou sua atenção: “eu me lembro que no governo Bolsonaro, um jornazista dessa desconceituada revista de fofoca, que um dia já foi de política, chamado Ricardo Kertzman, metia o pau em Jair Bolsonaro, 24h por dia, 7 dias por semana, o que houve com ele?? Deu caganeira?? Dor de barriga?? Viajou para marte!! Escafedeu-se, morreu??”

Em tempo: estou reproduzindo, inclusive no “português escorreito” do mulambo, o que zurrou. Prossegue: “ou está tudo bem nesse desgoverno e ele voltou a hibernar como fez de 2002 a 2015 deitado em berço e$plêndido? Pergunta retórica… afinal agora, temos uma democracia e a extrema imprensa sebosa esquerdista tem motivo$$$ para calar a boca”.

BORA LÁ

Bem, não sei nem por onde começar, se é que deveria, pois o festival de besteiras é imenso. Mas se o Heitor pede, o Heitor será atendido. Afinal, missão dada é missão cumprida, ora bolas. Vamos lá:

Desde 2002, muito ao contrário de estar hibernando, eu escrevo e comento publicamente o que penso sobre política. Se o asinino ao menos soubesse fazer uma mísera pesquisa no Google, e digitasse Ricardo Kertzman + Lula + PT + Dilma, ficaria surpreso em descobrir que, ao contrário do que imagina, sou um crítico feroz do lulopetismo, talvez antes mesmo de ele começar a ler a respeito.

QUEM SOU EU

Porém, como todo bom ruminante bolsominion, acredita que quem critica o “mito” é petista, comunista, socialista e sei lá mais que “ista”, por isso o comentário desaforado. Aliás, me impressiona como essa gente odeia quem ganha dinheiro, pois sempre usam $$$ de forma pejorativa. Deve ser do tipo que contribuiu com uns trocados para os 17 milhões de reais da “vaquinha virtual” do patriarca do clã das rachadinhas.

Sou comentarista de dois programas da Rede 98, de Minas Gerais: Central 98 (1a e 2a edições) e, também, 98 Talks. Com extrema frequência, sou chamado de petista quando critico o Devoto da Cloroquina, e de bolsonarista quando desço a borduna no Pai do Ronaldinho dos Negócios. Às vezes, isso ocorre durante um mesmo programa, e nessas horas, brinco que vivo uma certa crise de identidade, tipo (em mineirês): oncotô, prondivô?

BURROS

Entendem por que iniciei essa coluna com o trecho “quem sou eu e quem é você” e “de onde se vem, pra onde se vai”? A depender da besta-fera de plantão, me sinto uma espécie de Jekyll and Hyde (O Médico e O Monstro, de Robert Stevenson, 1886). Posso ser um fanático bolsonarista ou um fanático lulista.

Na verdade, o que pouca gente compreende, é que sou um fanático “nem-nem”, ou seja, nem Bolsonaro, nem Lula e nem qualquer populista charlatão, manipulador de rebanho. E isso, acreditem ou não os cascudos, não significa ser “isentão”. Ao contrário. Significa dizer “não” tanto para o ruim como para o péssimo, afinal, gostar de açoite no lombo é para os orelhudos de plantão: inhó, inhó, inhó, pocotó, pocotó, pocotó…