Os clubes de futebol do Brasil também viraram grifes. Nos últimos tempos, seis equipes decidiram apostar na confecção das próprias marcas de uniformes para conseguir lucrar mais do que em contratos com tradicionais fabricantes de material esportivo.

O último a entrar na tendência foi o Coritiba. O time se juntou a Paysandu, Fortaleza, Juventude, CSA e Santa Cruz ao estrear a própria marca, a 1909, na sexta-feira, no empate por 0 a 0 com o Sampaio Corrêa. Os uniformes são confeccionados com tecido comprado em Joinville, produzidos por uma empresa em Fortaleza e geridos pela diretoria. A expectativa é lucrar por ano R$ 1 milhão, até dez vezes mais do que rendia o contrato anterior.

“As grandes marcas impõem aos clubes condições contratuais ruins. Ficamos apenas com 3% do faturamento no último contrato”, afirmou o presidente do Coritiba, Samir Namur. A nova linha do clube possui mais de cem itens oficiais, com destaque para a nova camisa oficial com gola polo, um pedido antigo dos torcedores.

A autonomia de ter o controle sobre todo o processo também pesou para o Juventude começar com o projeto, há dois anos. A equipe afirmou que uma das vantagens agora é ter a flexibilidade de produzir quando quiser camisas comemorativos ou retrô, sem precisar fazer encomendas extras para o fornecedor.

“Somos um time pequeno para as grandes marcas esportivas. Chegamos a ter prejuízo de R$ 50 mil no ano com esses contratos. Hoje, lucramos R$ 20 mil”, explicou o diretor comercial do Juventude, Matheus Antunes. No passado a equipe sofreu com poucas peças oficiais à disposição e precisava lavar os uniformes depois de cada jogo, o que fazia o nome dos patrocinadores descosturarem das camisas.

O pioneiro dessa iniciativa no Brasil foi o Paysandu, em 2016. O então presidente do clube, Alberto Maia, abriu recentemente uma empresa de consultoria para ajudar outras equipes interessadas em implantar a produção própria de uniformes. Um dos clientes é o CSA. “Ter a própria grife será uma grande fonte de renda. Na maioria das vezes os clubes ficam escravos das fábricas e recebem menos de 10% dos royalties”, explicou Maia.

O desafio para as equipes interessadas em aderir à novidade é a distribuição das peças em diferentes lojas. Em vez de contarem com o apoio de grandes marcas esportivas com escritórios e departamentos de logística, os clubes precisam elaborar por conta própria esse sistema. No caso de alguns adeptos da grife própria, facilita a concentração de grande parte da torcida na região onde o time está localizado.