Quando pensamos ter chegado ao fundo do poço, do subsolo da mais profunda vala imoral, aparece um bolsonarista-raiz e destampa o alçapão, nos atirando ainda mais baixo e no escuro.

Dessa vez foi a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, eleita senadora em Brasília (meu deus!), Damares Alves, em fala escandalosa até para os padrões morais dessa gente.

Em uma igreja em Goiânia (Assembleia de Deus Ministério Fama), a vidente da jabuticabeira disse que as eleições não são uma guerra política, mas espiritual, e que “o inferno se levantou contra o presidente”.

“Bolsonaro tem uma compreensão espiritual que vocês não têm ideia. Fomos para a Ilha do Marajó e descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas por lá, e que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”.

Mas não acabou. Segurem o vômito, pois vai piorar: “Nós temos imagens de crianças nossas, brasileiras, de 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras, sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”.

E mais: “Eu descobri que nos últimos sete anos explodiu o número de estupros de recém-nascidos, nós temos imagens, lá no ministério, de crianças de oito dias sendo estupradas; um vídeo de estupro de crianças custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil”.

Isso tudo para justificar um tal “maior programa de desenvolvimento regional do País”, supostamente, segundo ela, na Ilha de Marajó (PA). Se tudo o que disse for verdade, por que raios a sociedade brasileira não foi informada, até hoje, dessa monstruosidade?

Eu quero saber quais medidas, além do tal programa de desenvolvimento, o governo federal tomou. Quem cometeu tais crimes, quem está investigando, quem foi preso, quem, afinal, está apto a responder por tantas perguntas ainda não feitas e não respondidas?

Damares, Bolsonaro e todas as autoridades responsáveis do governo têm de vir a público e confirmar, ou não, a veracidade das declarações. A seguir, sendo fato, explicar detalhadamente as providências tomadas. Uma coisa é eleição, outra é isso aí.

Alô, senhor Lula da Silva! Alô, Ministério Público Federal! Alô, políticos e governantes do Pará! Alô, imprensa nacional! Alô, ONU, OEA, UNICEF…! Onde estão todos, até agora calados e inertes, diante de tamanha atrocidade (se for verdade) ou crime eleitoral (se não for)?