Coluna: Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.

Por Bolsonaro, Damares usa estupro de bebês e sexo oral com crianças

Damares Alves discursa durante cerimônia no Palácio do Planalto

Quando pensamos ter chegado ao fundo do poço, do subsolo da mais profunda vala imoral, aparece um bolsonarista-raiz e destampa o alçapão, nos atirando ainda mais baixo e no escuro.

Dessa vez foi a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, eleita senadora em Brasília (meu deus!), Damares Alves, em fala escandalosa até para os padrões morais dessa gente.

Em uma igreja em Goiânia (Assembleia de Deus Ministério Fama), a vidente da jabuticabeira disse que as eleições não são uma guerra política, mas espiritual, e que “o inferno se levantou contra o presidente”.

“Bolsonaro tem uma compreensão espiritual que vocês não têm ideia. Fomos para a Ilha do Marajó e descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas por lá, e que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”.

Mas não acabou. Segurem o vômito, pois vai piorar: “Nós temos imagens de crianças nossas, brasileiras, de 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras, sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”.

E mais: “Eu descobri que nos últimos sete anos explodiu o número de estupros de recém-nascidos, nós temos imagens, lá no ministério, de crianças de oito dias sendo estupradas; um vídeo de estupro de crianças custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil”.

Isso tudo para justificar um tal “maior programa de desenvolvimento regional do País”, supostamente, segundo ela, na Ilha de Marajó (PA). Se tudo o que disse for verdade, por que raios a sociedade brasileira não foi informada, até hoje, dessa monstruosidade?

Eu quero saber quais medidas, além do tal programa de desenvolvimento, o governo federal tomou. Quem cometeu tais crimes, quem está investigando, quem foi preso, quem, afinal, está apto a responder por tantas perguntas ainda não feitas e não respondidas?

Damares, Bolsonaro e todas as autoridades responsáveis do governo têm de vir a público e confirmar, ou não, a veracidade das declarações. A seguir, sendo fato, explicar detalhadamente as providências tomadas. Uma coisa é eleição, outra é isso aí.

Alô, senhor Lula da Silva! Alô, Ministério Público Federal! Alô, políticos e governantes do Pará! Alô, imprensa nacional! Alô, ONU, OEA, UNICEF…! Onde estão todos, até agora calados e inertes, diante de tamanha atrocidade (se for verdade) ou crime eleitoral (se não for)?