SÃO PAULO, 24 SET (ANSA) – A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quarta-feira (23), por 69 a 0, mais um passo do processo que pede o impeachment do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC-RJ). Com a aprovação, o caso agora será analisado por um Tribunal Misto, formado por desembargadores e deputados.   

Witzel já está afastado do cargo desde o dia 28 de agosto, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Agora, o Tribunal decidirá primeiro se ele deve ser afastado do cargo definitivamente e depois se cometeu crime de responsabilidade e se deve perder os seus direitos políticos – e por quanto tempo a pena se aplica.   

Essa é a terceira derrota do governador do RJ na Alerj, todas por unanimidade. O ex-juiz é acusado de improbidade administrativa e mau uso de dinheiro público durante a gestão da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Witzel e sua esposa, Helena, teriam recebido cerca de R$ 554 mil em propinas através de contratos firmados para os hospitais de campanha.   

O Ministério Público Federal (MPF) diz que o então governador era o líder de um “sofisticado esquema” de corrupção durante a crise sanitária.   

Witzel sempre negou as acusações e disse que é vítima de um “linchamento”. Nesta quarta, ele não compareceu à Alerj pessoalmente, mas participou de uma videoconferência para se defender.   

Aos deputados, o governador voltou a negar os crimes e disse que “não se importa” em ser julgado “porque tenho a convicção de que jamais cometi um ato ilícito”.   

“Esta casa está em vias de aceitar, pelo visto, já é unanimidade, todo mundo já falou, então para que eu vou aqui tentar me defender? Não posso me defender quando os juízes já previamente se manifestaram que vão votar sim no meu processo, a minha denúncia. Que julgamento é esse?”, disse aos presentes.   

O político ainda sugeriu que “todos renunciem” aos seus cargos porque “se as máfias continuarem atuando no estado do Rio de Janeiro, não é só a minha omissão que deve ser considerada, mas de todos nós”.   

“Por aí dizem ‘governador, renuncie’. Então, vamos fazer o seguinte: renunciamos todos e fazemos eleição para deputado e para governador. Todos somos omissos, todos aqui temos responsabilidade porque os senhores e senhoras também foram omissos. Infelizmente, só eu estou sofrendo linchamento moral”, ainda sugeriu.   

Eleito em 2018, Witzel usava a bandeira da luta contra a corrupção em seu discurso e foi eleito com apoio da família Bolsonaro – com quem rompeu relação pouco tempo depois do pleito. (ANSA).