Todos os políticos falam em baixar o preço dos derivados de petróleo para agradar as massas, cansadas de pagar uma fortuna para encher o tanque do carro. Movido pelo populismo, Jair Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, para colocar no lugar alguém que decida controlar preços. Seria o economista Adriano Pires, um tecnocrata liberal, mas essa troca inicial não deu certo. Lula também ataca o governo pela alta da gasolina e do diesel e diz que adotará uma política de controle se for eleito. Só conversa mole, irracionalidade. A Petrobras é uma empresa de capital aberto, que deve satisfação aos acionistas e não pode e nem vai entrar em mais uma nova armadilha política que querem lhe armar. Nem a privatização mudaria isso. Nesse caso, a empresa só teria um acionista majoritário privado que seria, provavelmente, muito mais impiedoso do que o governo é hoje.

A Petrobras deve satisfação aos acionistas. Não pode e nem vai entrar em nova armadilha política que querem lhe armar

É preciso lembrar que a estatal cobra caro pelos seus combustíveis, pressionada em grande parte pelo aumento da cotação internacional, mas entrega polpudos benefícios para a sociedade e o Estado. Só no ano passado, a arrecadação da União, estados e municípios com royalties e com a participação especial sobre a produção de petróleo e gás natural atingiu, respectivamente, R$ 37,6 bilhões e R$ 36,8 milhões, um crescimento de 65% sobre o que havia sido distribuído pela empresa em 2020. Se tirar com uma mão, atingindo um lucro recorde de R$ 106,6 bilhões, graças aos preços exorbitantes de seus produtos, a Petrobras devolve com a outra. O balanço acaba sendo proveitoso para o governo, que, por outro lado, precisa enfrentar as reclamações dos consumidores e, no caso de Bolsonaro, o desgaste eleitoral.

Nessa altura, ao contrário do que aconteceu décadas atrás, o Brasil deveria comemorar a autossuficiência que o impede de sofrer com a escassez de petróleo e com outras consequências das sucessivas altas internacionais, agora aceleradas pela guerra na Ucrânia. Deveria saudar também os benefícios indiretos trazidos pela estatal para os cofres públicos. Pior do que o preço alto seria a falta do produto, como já aconteceu. O problema é que a Petrobras nasceu para ser envolvida por um discurso populista e rasteiro. Na busca mesquinha por votos todo candidato diz que vai controlar a empresa e influir na sua política de preços. É mais uma falácia política que se perpetua.