Um advogado e conselheiro da OAB-SE (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Sergipe) identificado como Ricardo Almeida foi indiciado pela Polícia Civil do Sergipe após ser acusado de prática de crime sexual contra uma colega de trabalho.

A vítima, Bruna Hollanda, renunciou ao cargo que ocupava na instituição como forma de protesto. O anúncio veio em uma live nas redes sociais que foi transmitida nesta terça-feira, 19. O estupro teria ocorrido em uma festividade que antecedeu o Carnaval em Aracaju.

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Em contato com a IstoÉ, a Polícia Civil informou que tomou conhecimento do caso em 2 de fevereiro por meio do DAGV (Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis) e instaurou um inquérito três dias depois.

Bruna Hollanda comentou em live que entrou para a OAB-SE em 2022 e dois anos depois, encerra a participação “indignada”, alegando que se sente desamparada após inúmeras omissões da instituição. “Sou mulher, advogada, mãe, fui violentada covardemente. Sou vítima de estupro. Fui dilacerada no corpo, alma e socialmente”, declarou a advogada.

O crime teria ocorrido em 27 de janeiro, e o advogado acusado de crime sexual é um “amigo pessoal e sócio” do presidente da OAB-SE, de acordo com Bruna Hollanda. O estupro supostamente foi praticado em um apartamento de Ricardo Almeida.

De acordo com a vítima, a preocupação da gestão da OAB-SE não era com o caso de crime sexual denunciado, mas sim no discurso que seria passado à mídia. “Resignada, continuei calada e firme aguardando o acompanhamento institucional, que não tive até hoje”, reiterou, também questionando a escolha de uma advogada do suspeito para a presidência da Comissão de Direito e Defesa da Mulher.

A advogada ainda cita que teria sido intimidada em “um uso ostensivo e ilegal da OAB-SE para defender o agressor acusado de estupro”. Bruna Hollanda afirmou que não recebeu qualquer tipo de apoio da instituição mesmo depois de um vazamento do inquérito para a mídia que incluía suas fotos íntimas. “Não estou bem, eu fui violentada”, concluiu a vítima.

Confira na íntegra a declaração de Bruna Hollanda:

Segundo a Polícia Civil, foram tomadas todas as decisões cabíveis ao caso, concluindo a investigação com o indiciamento do suspeito.

À IstoÉ, o advogado Guilherme Maluf, que integra a defesa de Ricardo Almeida, declarou que acredita na inocência de seu cliente e na inexistência de crime. “No presente caso, as inconsistências e contradições nas múltiplas versões apresentadas apenas reforçam a conclusão da defesa”, concluiu.

O que diz a OAB-SE

Em contato com a IstoÉ, a OAB-SE alegou que desde que o processo foi despachado, em 19 de fevereiro, houve 40 contatos com Bruna Hollanda para que fosse prestado acolhimento na forma de apoio psicológico.

A instituição acrescentou que, ao tomar conhecimento de uma advogada do suspeito estar na presidência da Comissão de Defesa da Mulher, optou por afastar a profissional. “A OAB-SE compreende e se solidariza plenamente com a dor e com o difícil momento que a colega advogada está vivenciando, sendo certo que nada que a Ordem venha a fazer será capaz de cicatrizar esse sentimento”, informou o órgão.