A jovem Clarissa Maria de Mendonça, de 24 anos, que foi esfaqueada e asfixiada enquanto dormia, sobreviveu e falou sobre o crime pela primeira vez ao Fantástico, neste domingo, 10. A mulher foi agredida por Aaron Delesse Dantas, que possui a mesma idade e perseguia a vítima desde que declarou uma paixão por ela, sentimento que não foi correspondido. O acusado assassinou outras duas pessoas, amigos da vítima que estavam na residência, em Londrina (PR).

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Resumo:

  • Clarissa e o assassino teriam se conhecido em 2022, enquanto ambos eram funcionários de um bar;
  • Após não ter o sentimento correspondido pela jovem, Aaron passou a persegui-lá, criando perfis falsos nas redes sociais e enviando mensagens como: “Estou na porta da sua casa, não vou sair até que a gente converse”;
  • No dia 2 de setembro de 2023, o agressor invadiu a casa onde a vítima estava com amigos, e esfaqueou Júlia Garbossi e Daniel Suzuki, que morreram no local;
  • A mulher conseguiu convencer o homem a levá-la para uma Unidade de Pronto Atendimento, onde foi atendida e falou com as enfermeiras sobre o ocorrido.

Clarissa é originária de Santos (SP) e se mudou para Londrina (PR), local em que o crime aconteceu, para estudar Artes Cênicas, entretanto, a jovem teve que abandonar o curso superior para trabalhar e conseguir se manter. Ela teria conhecido Aaron em 2022, enquanto ambos eram funcionários de um bar. O acusado declarou estar apaixonado pela mulher, que não correspondeu a esse sentimento.

Após a ocasião, Aaron passou a perseguir a jovem, enviando mensagens como: “Estou na porta da sua casa, não vou sair até que a gente converse”. Mesmo bloqueado por Clarissa nas redes sociais, o homem começou a criar contas falsas para interagir com a jovem. “Ele (o agressor) falava de mim de uma forma assustadora mesmo. Eu dizia isso para ele inclusive, ‘você está me assustando, passou todos os limites’”.

O crime aconteceu no dia 2 de setembro, após Clarissa realizar uma confraternização com colegas na residência onde vivia com a estudante Júlia Garbossi, de 23 anos. Outro convidado era Daniel Suzuki, de 22, com quem a jovem iniciava um relacionamento. Após o evento, o acusado entrou na casa durante a madrugada e foi ao quarto onde a vítima dormia com o amigo. Aaron teria pulado o muro da casa vizinha e entrado pela porta, que estava aberta.

Assim que entrou no cômodo, o assassino passou a asfixiar a jovem e a esfaquear Daniel, também acertando Clarissa nas mãos. “Eu acordei achando que estava tendo uma paralisia do sono, não conseguia falar, nem respirar. Em um momento ele me soltou e comecei a gritar ‘Julia! Júlia’, aí ele foi para cima dela”. A vítima explicou que o agressor e a amiga foram para a sala da casa e, mesmo apesar dos esforços da vítima de tentar separá-los, a estudante atacada caiu no chão.

Depois de golpear Julia, Aaron partiu para cima de Clarissa novamente, que teria conseguido convencê-lo a levar a jovem para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). “Eu consegui parar a mão dele com a faca, entrei em estado de choque. Eu percebi que ele não iria me matar até ele falasse tudo que queria. Aí eu disse: ‘Você não vai conseguir falar tudo, estou perdendo muito sangue, estou com uma hemorragia”, esclareceu a vítima.

Ambos teriam entrado em um carro pedido por aplicativo e disseram terem sofrido um assalto, mentira que foi sustentada pela jovem até chegar em uma sala de atendimento da unidade de saúde. Aaron pegou o aparelho celular da vítima e falou que se Clarissa contasse a verdade, mataria todos os parentes e amigos listados nos contatos. “Eu falei, não deixa ele vir para cá, foi ele que fez isso comigo. As enfermeiras foram atenciosas comigo, inclusive uma delas chamou a polícia”, contou.

O suspeito foi preso ainda na UPA e encaminhado a uma unidade policial. O delegado registrou o crime como tentativa de feminicídio, já que Aaron demonstrou discriminação por razões de gênero, fato que não teria sido considerado pelo Ministério Publico, que configurou o crime apenas como uma tentativa de homicídio por motivo fútil. O delito de stalking (perseguição) também foi incluído no processo.

A defesa de Aaron Delesse Dantas declarou ao Fantástico que aguarda uma avaliação psicológica, e que o laudo precisa ser aguardado para que uma posição possa ser dada de fato. Se condenado, o réu pode chegar aos 29 anos de prisão. “Espero que a Justiça seja feita e não quero nunca rever este homem solto”, declarou Clarissa, que mudou de cidade e utiliza grupos de mulheres e a música para encontrar forças após o ocorrido.