O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, disse que os dados do último censo demográfico indicam a possibilidade, inédita em quase dois séculos, de a população brasileira começar a cair em termos absolutos até o fim desta década.

Hoje, durante participação em seminário no centro de São Paulo, Pochmann observou que informações importantes do Censo realizado no ano passado, como estratificações da população por gênero e faixa etária, estão para ser divulgadas. Mas os dados já conhecidos, frisou, revelam um País “muito diferente” do observado em 2010, quando foi realizado o censo anterior.

“A começar pelo fato de que estamos entrando em uma fase na qual a transição demográfica se completa e passamos a entrar numa realidade só conhecida por quem viveu lá em 1850, que foi quando a população se reduziu em termos absolutos no Brasil”, disse Pochmann.

“Desde pelo menos 1860, quando se tem alguns dados, a população, a cada ano, crescia mais. Vivemos uma realidade em que isso já não é verdade”, acrescentou.

Antes do último Censo, lembrou o presidente do IBGE, existia a expectativa de que a redução absoluta no número de brasileiros aconteceria apenas a partir de 2044. Ponderando que esta é uma perspectiva a ser mais bem estudada por demógrafos, Pochmann afirmou que isso pode acontecer antes.

“Já em 2030, nós, talvez, estaremos diante dessa realidade, ou seja, teremos mais pessoas morrendo do que nascendo”, declarou o economista no seminário, promovido pelo sindicato dos auditores da Receita Federal, o Sindifisco, junto com Dieese, Instituto Justiça Fiscal (IJF) e Unicamp, universidade onde Pochmann é professor.

Conforme números do censo divulgados em junho pelo IBGE, a taxa de crescimento anual da população brasileira entre 2010 e 2022, de 0,52%, foi a menor desde o primeiro levantamento, realizado em 1872. A população brasileira, conforme o último censo, é de 203 milhões de habitantes.