Milhares de pessoas abandonadas à própria sorte fugiram de Laukkai, uma cidade do norte de Mianmar, à medida que se aproximam os combates entre tropas da junta militar e grupos étnicos.

O norte do estado de Shan, perto da fronteira chinesa, tem sido palco de confrontos desde a ofensiva lançada no final de outubro por três grupos étnicos minoritários contra o poder militar central e seus aliados.

Os combatentes da aliança armada reivindicaram o controle de vários povoados e rotas estratégicas.

Segundo analistas, esta ofensiva representa, para os generais no poder, uma ameaça militar de magnitude inédita desde o golpe de Estado de 2021.

O Exército da Aliança Democrática Nacional de Mianmar (MNDAA, na sigla em inglês), que constitui a aliança que atacou a junta no final de outubro, anunciou na terça-feira que seus combatentes cercaram Laukkai.

A proximidade dos confrontos levou milhares de birmaneses a empreenderem um perigoso êxodo para o sul, mais seguro.

Capital da região de Kokang, Laukkai tem importância simbólica para a junta. Foi ali que seu atual, Min Aung Hlaing, distinguiu-se em 2009 ao liderar uma ofensiva que desalojou o MNDAA.

“Podíamos ver projéteis de artilharia voando sobre nós”, disse à AFP um trabalhador da construção civil que pediu para não ser identificado por questões de segurança.

Depois de uma viagem de quatro dias a pé e de caminhão, ele conseguiu chegar a Mong Yang, uma cidade no leste do estado de Shan. Ali permaneceu sob a proteção do Exército birmanês, junto com outros trabalhadores deslocados.

Na quarta-feira (15), a ONU informou que mais de 200 mil pessoas foram deslocadas, devido aos combates no país.

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