A população de orangotangos em Bornéu despencou em mais da metade desde 1999 – quase 150 mil exemplares -, em grande parte devido à derrubada de florestas para a obtenção de madeira, papel, óleo de palma e para a mineração, denunciaram pesquisadores nesta quinta-feira (15).

A caça ilegal dos macacos criticamente ameaçados também é um dos principais fatores em seu desaparecimento, destacou o estudo publicado na revista científica Current Biology.

“Nossas descobertas são alarmantes”, prosseguiu o estudo, que estimou que 148.500 orangotangos desapareceram na ilha de Bornéu, no sudeste asiático, entre 1999 e 2015.

“Os recursos naturais estão sendo explorados a taxas insustentavelmente altas nos ecossistemas tropicais, incluindo Bornéu”.

As mortes representam um declínio de 53% na população, disse à AFP a autora principal da pesquisa, Maria Voigt, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva na Alemanha.

“Estimamos que há entre 70.000 e 100.000 restantes”, disse.

Os orangotangos de Bornéu (Pongo pygmaeus) e seus primos, os orangotangos de Sumatra e Tapanuli, são considerados espécies criticamente ameaçadas de extinção.

Para a pesquisa, Voigt e colegas compilaram estudos de campo de entre 1999 e 2015.

Eles estimaram o tamanho da população total da ilha a partir do número de ninhos de orangotango observados em Bornéu – um total de 36.555 ninhos.

Ao analisar populações separadas de orangotangos, descobriram que apenas metade (38 de 64) desses grupos continham mais de 100 indivíduos, o suficiente para manter uma população viável.

Os mapas das alterações na cobertura da terra ao longo do tempo sugerem que a causa mais dramática do declínio é o desmatamento.

No entanto, um número muito maior de orangotangos desapareceram em florestas que foram desmatadas apenas seletivamente.

“O declínio da densidade populacional foi mais grave em áreas que foram desmatadas ou transformadas para agricultura industrial, já que os orangotangos batalham para sobreviver fora das áreas florestais”, disse Voigt.

“De forma preocupante, no entanto, o maior número de orangotangos desapareceu em áreas que permaneceram florestas durante o período do estudo, o que implica que os assassinatos tiveram um papel importante”.

No ritmo atual, os pesquisadores preveem que outros 45 mil orangotangos-de-bornéu, cuja reprodução é lenta, morrerão nos próximos 35 anos.