Faça chuva ou faça sol, o grande campeão do Campeonato Paulista da Série A2 será conhecido na tarde deste sábado. Depois de ficarem no empate por 1 a 1, na cidade de Novo Horizonte, no meio da última semana, Ponte Preta e Novorizontino voltam a se encontrar, desta vez, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, às 15h. O Majestoso, como é chamado pela torcida, vai estar lotado, com mais de 17 mil torcedores.

Pela primeira vez na história, uma final de relevância masculina será arbitrada totalmente por mulheres. A arbitragem será de Edina Alves Batista, do quadro da Fifa, e que na semana passada também fez história ao dirigir a primeira final feminina entre Água Santa e Palmeiras, vencido pelo primeiro por 2 a 1 na Arena Barueri. Ela será auxiliada por Neuza Inês Back e Amanda Pinto Matias, com Daiane Muniz dos Santos no VAR – Árbitro de Vídeo – ambas também da Fifa.

Não há vantagem para nenhum dos dois lados, ou seja, quem vencer no tempo regulamentar ficará com o título. Em caso de um novo empate, seja ele por qualquer igualdade, o campeão será definido nas cobranças de pênaltis. O segundo jogo será disputado em Campinas porque a Ponte Preta fez a melhor campanha geral: 46 a 39 pontos.

Os times já garantiram acesso à elite estadual em 2024, ficando com as vagas deixadas pelos rebaixados são Bento e Ferroviária. Os finalistas, rebaixados em 2022, realmente foram os donos das melhores campanhas.

Curiosamente, a Ponte Preta só perdeu uma vez, justamente para o Novorizontino, em Novo Horizonte, por 3 a 0, na primeira fase. A Ponte fechou a fase de classificação com 36 pontos, na frente do Novorizontino, com 29.

O Novorizontino busca o seu primeiro título de Paulista A2, enquanto a Ponte Preta vai atrás de sua segunda conquista, porque teve um titulo confirmado em 1969, no STJD do Rio de Janeiro.

Diferente das finais recentes em que participou, a Ponte Preta terá a vantagem de decidir em casa, com o apoio de sua torcida, que em menos de três dias de venda, esgotou os 16,7 mil ingressos colocados à venda. A expectativa, inclusive, é bater o recorde de público da competição que foi alcançada pelo próprio clube nas semifinais contra o XV de Piracicaba quando levou 16.129 pessoas.

Além de jogar com o apoio de seu torcedor, a Ponte Preta quer quebrar uma sina, já que nas últimas oito vezes que chegou em decisões profissionais e jogou fora de Campinas, foi vice em todas. Dentre as mais sentidas pelo torcedor esteve do Paulistão de 2008 e 2017 e também da Sul-Americana em 2023.

Para as torcidas concorrentes, principalmente a rival do Guarani, este título do Paulista A2 não seria de tanta importância para a história. Os bugrinos, por exemplo, ainda vivem das glórias de sua maior conquista: o de campeão brasileiro de 1978, usando inclusive, o slogan de ‘único campeão brasileiro do interior do Brasil’.

CAMPANHAS

Para chegar até aqui, a Ponte Preta fez uma campanha praticamente impecável durante todo o Estadual. Na primeira fase, terminou na liderança com 36 pontos. Em 15 jogos foram 11 vitórias, três empates e apenas uma derrota. Além disso, teve o melhor ataque com 29 gols marcados. Nas quartas de final, passou pelo Comercial, empatando o jogo de ida em Ribeirão Preto por 1 a 1 e depois vencendo em Campinas, por 3 a 0. Já nas semifinais, venceu o XV de Piracicaba por 3 a 0, fora de casa, e depois fez 2 a 0 no Moisés Lucarelli.

O Novorizontino, por sua vez, fez uma campanha parecida. Terminou a primeira fase na segunda colocação com 29 pontos e embalou três vitórias nos últimos quatro jogos do mata-mata. Primeiro, nas quartas de finais, passou pelo Oeste com duas vitórias por 1 a 0. Nas semifinais, conquistou o acesso, após um empate por 1 a 1 em Bauru e a vitória por 3 a 0, diante do Noroeste, em Novo Horizonte.

DESFALQUE

Para a decisão, a Ponte Preta não poderá contar com o atacante Pablo Dyego, que foi expulso no primeiro jogo da final e agora cumpre suspensão automática. Na última atividade antes da decisão, realizada na manhã desta sexta-feira, o técnico Hélio dos Anjos deu indícios que o substituto para o setor sairá entre Gui Pira e Cássio Gabriel. Com isso, o experiente meia Élvis jogaria mais adiantado e sem compromisso de voltar para ajudar a marcação.

Há ainda duas preocupações. Após deixarem o campo com dores na última quarta-feira, o volante Léo Naldi e o lateral-esquerdo Júnior Tavares estão passando por tratamentos intensivos junto ao departamento médico e correm contra o tempo para poderem atuar.

Caso não tenham condições de jogo, Ramon e Felipinho disputam vaga entre os volantes, enquanto Jean Carlos é o substituto direto para a lateral-esquerda. No restante, a base será a mesma que vem atuando. Um dos líderes do grupo, o defensor Artur falou sobre a expectativa pela decisão com o Majestoso lotado. “Agora o jogo será na nossa casa e o Novorizontino sabe que não vai ser fácil. A torcida esgotou os ingressos, está preparando uma grande festa e vamos corresponder dentro de campo. Estamos focados em levantar esse caneco.”

O técnico Hélio dos Anjos, aos 65 anos, é o mais empolgado e tem cobrado este título dos seus jogadores. “Temos que coroar nossa campanha, mas sempre com respeito ao adversário. Mas temos um compromisso com nossa torcida, que nos abraçou desde o início, foi em todos os jogos em peso e agira merece este título.”

RACHÃO

Do outro lado, Novorizontino finalizou sua preparação com um treino na manhã desta sexta-feira, no estádio do Guarani, o Brinco de Ouro da Princesa, que fica distante apenas 600 metros do moisés Lucarelli no bairro Jardim Proença. Após um breve papo com o técnico Eduardo Baptista e o aquecimento, os jogadores fizeram o tradicional rachão.

Para o duelo, o técnico deve manter a mesma formação que começou a partida de ida da grande decisão. O meia Douglas Baggio, que está fora desde a primeira fase, vem fazendo tratamentos intensivos para ter condições de jogo, mas deve começar no banco de reservas.

“Expectativa muito alta de finalizar um grande trabalho feito por todos, com objetivos conquistados, o acesso, mas vamos buscar coroar com o título. Enfrentamos um grande adversário, que fez um jogo duríssimo com a gente em Novo Horizonte, mas temos mais 90 minutos para decidir. Chegamos em Campinas preparados, confiantes é cientes que fizemos o melhor trabalho possível. Agora é ter tranquilidade, concentração e a determinação para escrever nosso nome na história do clube”, afirmou Eduardo Baptista, que é de Campinas, de família ponte-pretana e filho de Nelsinho Baptista, um dos campeões pela Ponte Preta em 1969.