Os serviços de emergência estão, nesta terça-feira (26), à procura de pelo menos seis pessoas depois que uma ponte desabou na cidade de Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos, ao ser atingida por um navio.

A embarcação emitiu um pedido de socorro que permitiu parar o trânsito e salvar vidas, declarou o governador do estado de Maryland, Wes Moore. “São heróis”, acrescentou.

De acordo com imagens registradas por câmeras de segurança, um navio cargueiro colidiu com um pilar da ponte Francis Scott Key, fazendo com que grande parte da estrutura de aço caísse no rio Patapsco.

As gravações mostram luzes, aparentemente de veículos, na ponte antes de ela se deformar e desabar por seções, por volta de 1h30 locais (2h30 no horário de Brasília). E várias pequenas explosões também foram observadas após o rápido colapso.

Ao redor da imensa estrutura metálica retorcida, drones, helicópteros e mergulhadores procuram as vítimas, entre as quais poderia haver funcionários da ponte.

– ‘Deus, que estejam vivos’ –

O operário José Campos fala de seus colegas desaparecidos, trabalhadores como ele da empresa Brawner Builders Inc. Francis Scott Key Bridge.

“Muito triste, primeiramente Deus, que estejam vivos ainda. Não sei como explicar porque sinto um aperto no coração com o que está acontecendo”, declarou em espanhol a um fotógrafo da AFP.

O presidente Joe Biden classificou o ocorrido de “terrível acidente” e prometeu reconstruir a ponte o quanto antes, mas isto “levará um tempo”.

Uma pessoa foi levada ao hospital em “estado muito grave”, disse o chefe dos bombeiros de Baltimore, James Wallace, e outra saiu ilesa.

Os serviços de emergência que vasculharam o local encontraram indícios da presença de vários veículos submersos na água, informou Wallace, sem especificar quantos seriam.

De qualquer forma, “não há absolutamente nenhum indício de que tenha sido terrorismo, que isso tenha sido feito de propósito”, disse o comissário da Polícia de Baltimore, Richard Worley.

– ‘Som de trovão’ –

O governador de Maryland declarou estado de emergência.

O tráfego marítimo foi suspenso “até segundo aviso”, mas “o porto segue aberto para a passagem de caminhões”, disse aos jornalistas o secretário de Transporte de Maryland, Paul Wiedefeld.

Este é o principal porto da costa leste dos Estados Unidos, que Biden quer reabrir rápido.

Mergulhadores procuram sobreviventes na água, mas a baixa temperatura complica os esforços de resgate e reduz as chances de se encontrar sobreviventes.

“Fomos acordados pelo que parecia ser um terremoto e um longo e vibrante som de trovão”, declarou um homem à imprensa local.

Jennifer Woolf quase perdeu o filho de 20 anos na catástrofe. Ele passou pela ponte três minutos antes da tragédia. “Voltou para casa em pânico, chorando, tremendo e eu também comecei a chorar”, disse à AFP a americana de 41 anos.

A cidade amanheceu sobrecarregada pela tragédia.

“Rezem pelos atingidos”, pediu o chefe do condado de Baltimore, Johnny Olszewski Jr, na rede X.

A ponte, de quatro pistas e 2,6 quilômetros de comprimento, atravessa o rio Patapsco, ao sudoeste de Baltimore, uma cidade industrial e portuária na costa atlântica dos Estados Unidos.

Foi inaugurada em 1977 e por ela circulam mais de 11 milhões de veículos por ano, cerca de 31 mil por dia. Leva o nome de Francis Scott Key, autor da letra do hino americano.

O site de tráfego marítimo MarineTraffic diz que um navio porta-contêineres com bandeira da Singapura chamado “Dali” parou sob a ponte. Os registros mostram que o navio se dirigia de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka.

A gigante dinamarquesa Maersk confirmou ter fretado o navio, operado pela companhia de navegação Synergy Group. “Estamos horrorizados com o ocorrido”, escreveu a Maersk em comunicado.

“Todos os membros da tripulação, incluindo os dois pilotos, foram localizados e não há relatos de quaisquer feridos”, afirmou o Synergy Marine Group em comunicado.

A investigação deverá determinar como a colisão de apenas um barco pôde destruir vários arcos da ponte metálica.

Apesar de o porta-contêineres de 300 metros de comprimento possuir uma poderosa força de inércia, “a magnitude dos danos na superestrutura da ponte parece desproporcional em relação à causa”, comentou o professor Toby Mottram, especialista da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

Em um acidente como este, serão as seguradoras que vão reembolsar os danos, afirmou à AFP o especialista Mathieu Berrurier: um seguro pelos danos sofridos pelo navio e o de responsabilidade civil pelos causados a terceiros.

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A.P. MOELLER-MAERSK